O WhatsApp está passando por mudanças, embora muitas delas não impactem diretamente o público brasileiro. Pela primeira vez a empresa está abrindo uma sede fora do seu país de origem, visando se adequar a uma nova legislação que está prestes a entrar em vigor na União Europeia e também para responder de forma mais adequada ao escândalo de privacidade do Facebook, sua empresa-mãe. Mais do que isso: o WhatsApp anunciou que vai se dividir em duas empresas.
Para o público não-europeu, as mudanças práticas são poucas. O serviço continuará fornecido pela WhatsApp Inc., a empresa original, sem mudanças nos termos de uso. Para o usuário europeu, no entanto, o serviço passa a ser oferecido pela WhatsApp Ireland Limited, uma nova entidade jurídica com sede na Irlanda.
A principal novidade para usuários brasileiros e de outros países de fora da UE será a possibilidade de solicitar o download de todos os dados que o aplicativo tem guardado sobre você. Pelo fato de o WhatsApp não guardar o conteúdo das mensagens trocadas no serviço e pela criptografia envolvida no processo, as informações recuperáveis incluem coisas como fotos de perfil e nomes dos grupos de que você faz parte. O processo leva cerca de três dias, informa o WhatsApp.
No entanto, para quem é europeu, uma das alterações mais importantes é que crianças e adolescentes com menos de 16 anos não podem se cadastrar no serviço. O WhatsApp não detalha se terá algum tipo de ferramenta de verificação de idade dos usuários, no entanto. Fora da União Europeia, o serviço continua disponível para qualquer um com mais de 13 anos.
As mudanças se devem à GDPR (Regulação geral de proteção de dados), uma lei que entra em vigor na Europa e se apresenta como a maior reforma na privacidade online desde o surgimento da internet comercial. Isso inclui a obrigação de que empresas deixem claro que tipo de informações de usuários estão sendo coletadas, como elas são usadas, além de fornecer ao usuário o direito de ter esses dados deletados dos servidores se ele assim desejar.
A lei pode ser europeia, mas pode vir a ter impacto no mundo inteiro, visto que boa parte das empresas de tecnologia operam em escala global. Companhias como a Apple já afirmaram que pretendem estender os direitos garantidos na GDPR a usuários de outros países, por exemplo, mas esse movimento de expansão de direitos vem mais por “boa vontade” do que por uma obrigação legal.