Vida normal pós-Covid só a partir de 2022, afirma OMS

Mesmo após aprovação de uma vacina, cientista-chefe da organização lista uma série de desafios que precisarão ser superados até que se consiga a imunidade de ao menos 60% da população
Redação17/09/2020 16h22, atualizada em 17/09/2020 17h51

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Bastou os índices de casos e mortes de Covid-19 retrocederem um pouco no Brasil para surgir a sensação de que o perigo já passou. A expressão “no tempo da pandemia” até começou a ser usada e alguns conseguiram, recentemente, fazer com que a hashtag “APandemiaAcabou” fosse parar nos trend topics do Twitter. Mas “a vida normal”, conforme o padrão experimentado antes que a doença se espalhasse pelo planeta, só deve voltar em 2022.

Ao menos essa é a opinião da pediatra Soumya Swaminathan, diretora-executiva e cientista-chefe da Organização Mundial de Saúde (OMS), revelada na terça-feira (15), durante coletiva da entidade em Genebra, na Suíça.

“Estamos prevendo [que demorará], pelo menos, até 2022 para que um número suficiente de pessoas comece a receber a vacina e construir imunidade. Portanto, ainda por muito tempo, teremos de manter o mesmo tipo de medidas que estão sendo implementadas atualmente, como o distanciamento físico, o uso de máscara e cuidados com a higiene”, advertiu a especialista, durante reunião por videoconferência.

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Para Soumya Swaminathan, da OMS, medidas básicas adotadas durante a Covid-19, como uso de máscaras, ainda terão de ser mantidas por muito tempo. Crédito: GovernmentZA/Divulgação

Longo caminho

Embora seja esperada a aprovação de uma ou mais vacinas para meados do próximo ano (no momento há 179 pesquisas em desenvolvimento), a médica faz questão de ressaltar os obstáculos que ainda virão depois da confirmação científica da eficácia e segurança do medicamento. “Muitos pensam que, no início de 2021, haverá uma panaceia que resolverá tudo. Mas não será assim. Há um longo processo de avaliação, licenciamento, fabricação e distribuição”, disse em outro momento.

E ainda quando tudo estiver pronto, o desafio final será a produção em larga escala e fazer com que a vacina chegue a quem precisa: basicamente toda a população do planeta. Como isso é inviável em curto prazo, há de se priorizar.

Segundo ela, a primeira leva será destinada aos grupos de maior risco, nesta ordem: profissionais da saúde, idosos e pessoas com outras doenças. “É a primeira vez na história que precisamos de bilhões de doses de uma vacina”, comentou, enfatizando que será um “processo que levará alguns anos.”

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Há em curso 179 pesquisas para o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19 no mundo. Crédito: Jernej Furman/Focus no More

Durante a espera por um imunizante, seguirá a necessidade de se manter atenção às medidas básicas de proteção à Covid-19. Segundo a médica, será preciso ter de 60% a 70% da população vacinada para que, só depois, ocorra uma redução drástica na transmissão do vírus.

Também não se sabe ainda por quanto tempo essas substâncias irão proteger. Boa parte dos especialistas trabalha com a hipótese da necessidade de ao menos uma dose de reforço. Tudo isso faz com que a pediatra veja muito à frente o retorno da rotina com ela era. “É seguro dizer que pode ser em 2022 quando começaremos a pensar em voltar à vida normal pré-Covid”, finalizou.

Fonte: CNN Brasil


Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital