Vacina experimental nos EUA protege ratos contra Covid-19 e avança nos testes

Aplicação protegeu animais mesmo quando o vírus foi espirrado diretamente em seus narizes, impedindo o desenvolvimento da pneumonia
Renato Santino12/08/2020 18h57, atualizada em 12/08/2020 19h00

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Estudos com animais trouxeram novos resultados animadores para uma vacina contra Covid-19. Uma nova pesquisa conduzida por cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, nos Estados Unidos, conseguiu proteger camundongos de desenvolverem a doença após aplicação da fórmula.

O estudo recém-publicado descreve uma técnica de um vírus inofensivo geneticamente modificado para apresentar a proteína do coronavírus. Segundo os pesquisadores, esse método traz uma vantagem significativa em relação às iniciativas que utilizam um vírus inativado. Como o vírus é capaz de se replicar dentro do organismo, ainda que não cause danos, ele tende a gerar uma resposta imune mais forte, relataram os especialistas ao site Medical Express.

Na pesquisa, os camundongos foram divididos em dois grupos, com um deles recebendo apenas um placebo. Entre os ratos que receberam a vacina, percebeu-se que eles estavam protegidos contra o vírus, mesmo quando os cientistas espirraram os vírus diretamente em seus narizes, impedindo que ele chegasse ao pulmão e causasse danos. No grupo placebo, o resultado foi o esperado, com grande sinal de infecção pelo vírus nos pulmões.

Do ponto de vista logístico, os especialistas também apontam uma vantagem clara em custos de produção, já que o vírus é capaz de se multiplicar em laboratório com mais facilidade, gerando uma relação de custo-benefício mais vantajosa.

Ao contrário da maioria dos experimentos que utilizam uma técnica similar de vetor viral, os cientistas americanos não usam um adenovírus (como faz Oxford, por exemplo). A pesquisa utiliza o VSV, o vírus da estomatite vesicular, que pode causar uma doença leve similar a um resfriado em humanos. Com a alteração genética, ele manifesta a proteína “spike”, utilizada pelo Sars-Cov-2 para ligar-se aos receptores ACE-2 das células, permitindo a infecção, mas sem o potencial destrutivo e pode enganar o organismo para que crie imunidade contra o coronavírus.

A estratégia tem histórico de sucesso. A vacina contra o Ebola, que ainda é aquela que teve o desenvolvimento mais rápido na história da ciência, utiliza essa tecnologia para imunizar pacientes contra a doença e já tem aprovação regulatória para seu uso em vários países.

No entanto, apesar do resultado positivo, a vacina ainda está em suas etapas iniciais de estudo com animais, e os cientistas ainda esperam analisar a fórmula em outros modelos antes de avançar para a etapa clínica, quando se utilizam voluntários humanos.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital