Vacina da Pfizer pode não ser aplicada no Brasil; entenda

Pasta do governo federal afirma que integridade de vacinas deve ser mantida em temperaturas entre 2º C e 8º C, o que é quente demais para imunizante da farmacêutica
Por Rafael Arbulu, editado por Fabiana Rolfini 01/12/2020 15h48

Covid-19: Vacina da Pfizer

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

O Ministério da Saúde estipulou, nesta terça-feira (1º), os parâmetros minimamente aceitáveis para utilização das vacinas contra a Covid-19. Segundo a pasta, as medicações a serem utilizadas devem ser capazes de manter suas integridades em temperaturas entre 2º C e 8º C – ou, citando o próprio ministério, elas devem ser “termoestáveis” dentro deste limite.

Por causa dessas diretrizes, é possível que a vacina da farmacêutica norte-americana Pfizer, desenvolvida em conjunto com a alemã BioNTech, possa ficar de fora da lista de imunizantes contra a doença no país. Isso porque a a solução exige manutenção sob resfriamento mínimo de -70º C. Segundo a Pfizer, a sua vacina tem eficácia de até 95% no tratamento contra a Covid-19.

Vale lembrar que a Pfizer já pediu pelo registro de sua vacina nos EUA e Europa – ambas as solicitações ainda estão pendentes junto às autoridades sanitárias de cada região.

ministério da saúde arnaldo medeiros secretário
Arnaldo Medeiros, secretário de vigilância de saúde do Ministério da Saúde. Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

Durante coletiva de imprensa, Arnaldo Medeiros, secretário de vigilância em saúde do ministério, reiterou os parâmetros de temperatura divulgados pela pasta, além de ressaltar que seja “preferível” que o tratamento pela vacina seja contemplado em “apenas uma dose”.

Embora ele não tenha citado expressamente nenhuma vacina atualmente em pesquisa, as informações vão em caminho contrário ao que os testes vêm indicando, já que, além de variações de temperatura, alguns dos imunizantes prezam pela aplicação de segundas doses.

“O que nós queremos de uma vacina?”, disse o secretário Medeiros. “Qual o perfil de uma vacina desejada? Claro, que ela confira proteção contra a doença grave e moderada, que ela tenha elevada eficácia, que ela tenha segurança, que ela seja capaz de fazer uma indução da memória imunológica, que ela tenha possibilidade de uso em diversas faixas etárias, e em grupos populacionais”.

Medeiros continuou: “E que idealmente ela seja feita de dose única, embora muitas vezes isso talvez não seja possível, só seja possível em mais de uma dose, mas fundamentalmente que ela seja termoestável por longos períodos, em temperaturas de dois a oito graus. Por quê? Porque a nossa rede de frios, nessas 34 mil salas ela é montada e estabelecida com uma rede de frios de aproximadamente dois a oito graus”.

Registro antes da vacinação

O secretário Arnaldo Medeiros aproveitou a oportunidade para reafirmar que nenhuma campanha de vacinação será iniciada sem que, antes, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) faça o devido registro de um imunizante. Ainda hoje, segundo o secretário, haverá uma reunião do grupo técnico, com o objetivo de avaliar a divulgação de uma prévia de registros ainda nesta semana.

Mais além, a coletiva do Ministério da Saúde também reafirmou que a primeira campanha de vacinação não vai contemplar toda a população brasileira, com a pasta ordenando a priorização dos grupos de risco: idosos, portadores de doenças crônicas e trabalhadores de saúde e outros essenciais.

Somente com a segurança destes é que as vacinas poderão partir para o público generalizado. Medeiros afirmou que a estrutura atual do Brasil comporta 34 mil salas de vacinação – número este que pode aumentar para até 50 mil durante campanha.

Fonte: Folha de S. Paulo

Colaboração para o Olhar Digital

Rafael Arbulu é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital

Fabiana Rolfini é editor(a) no Olhar Digital