Um dos vários projetos de vacina contra o vírus Zika recebeu a aprovação do governo dos Estados Unidos para os testes com pacientes humanos. As empresas Inovio, dos EUA, e GeneOne, da Coreia do Sul, já podem avançar para a próxima etapa de sua pesquisa.
Os testes com a vacina GLS-5700 serão realizados “nas próximas semanas”, afirmaram as duas empresas em comunicado. A ideia é que ela seja aplicada em 40 pessoas, e os resultados podem ser obtidos ainda neste ano.
Segundo as empresas, os dados coletados na fase pré-clínica, obtidos com testes em animais, mostram uma resposta forte de imunidade que pode trazer resistência ao vírus Zika. No entanto, a primeira fase de testes em humanos, mais do que medir sua eficácia, tem como objetivo avaliar sua segurança e as dosagens recomendadas. Numa fase seguinte de testes, a escala aumenta para entender melhor se é um tratamento eficaz contra a doença.
A vacina é baseada em DNA, que funciona de um modo diferente da tradicional (com vírus enfraquecidos). A ideia é que a vacina tenha um pedaço do código genético do vírus; este DNA é injetado em uma pessoa, e, em seguida, os pesquisadores usam impulsos elétricos para que as células humanas comecem a combater o DNA do Zika. As células leem o código e começam a produzir proteínas que lembram uma parte do vírus. Estas partes similares ao Zika fazem o sistema imunológico agir para reconhecer e atacar o vírus verdadeiro quando ele atacar.
Este método alternativo é preferível ao tradicional pela natureza do vírus Zika. A doença causada por ele costuma ser leve e trazer poucos riscos a pessoas adultas; o grupo de risco verdadeiro são mulheres grávidas, por causa dos riscos de mau-desenvolvimento do feto. Neste caso, não é recomendável injetar nenhum tipo de vírus, mesmo que ele esteja enfraquecido, sob risco de causar problemas ao bebê que não tem um sistema imunológico desenvolvido.
Este é apenas uma das pesquisas de vacina contra o Zika. Existem várias iniciativas, inclusive envolvendo centro brasileiros de pesquisa, como uma parceria entre o Instituto Evandro Chagas, do Ministério da Saúde, e a Universidade Medical Branch, do Texas nos EUA, que deve iniciar testes em novembro. Neste caso, a técnica usa o vírus enfraquecido, e não deve ser usada em gestantes, mas também há outra, com previsão para testes em fevereiro de 2017 que usa o DNA recombinante do vírus.