Um estudo feito com mais de 3.400 estudantes das universidades de Chicago, Cambridge e Minnesota, revelou que aqueles que usam mais o smartphone tem mais propensão a uma vida sexual mais agitada, com mais parceiros, problemas com bebidas, notas mais baixas, além de distúrbios psicológicos, como ansiedade e depressão. Psiquiatras consideraram os resultados preocupantes. 

Para identificar o uso excessivo do telefone os estudantes precisaram responder a perguntas como “Você tem problemas para se concentrar na aula ou no trabalho devido ao uso do smartphone?”, “Sente-se irritado ou impaciente sem o seu celular?”, “Você acha que a quantidade de tempo que você passa nele aumentou ao longo do tempo?”, “Você está sofrendo consequências físicas de uso excessivo do celular, como tontura ou visão turva?”. A resposta “sim” para essas perguntas foi frequente em pelo menos um em cada cinco alunos — 60% do sexo feminino.

Entre aqueles que usam mais o celular, os relatos de dois ou mais parceiros sexuais no último ano foi significativamente maior — 37,4% em comparação com 27,2% no grupo daqueles que demonstraram não cometer excessos no uso. Ter seis ou mais parceiros sexuais chegou a ser duas vezes mais frequente entre aqueles que disseram usar demais seus smartphones.

Mas é difícil estabelecer relações de causalidade; os motivos podem ser de natureza diversa, segundo Sam Chamberlain, um dos autores da pesquisa e psiquiatra-consultor da Universidade de Cambridge. “Pode ser que as pessoas estão usando mais os celulares para marcar encontros através de aplicativos”, comentou.

“A descoberta mais significativa foi que as pessoas que relataram uso problemático de seus telefones também tinham maior probabilidade de ter um traço de impulsividade, e isso também pode ter um papel no número de parceiros sexuais que elas têm”, afirma o médico. “Se isso fosse saudável, esperaríamos uma melhor autoestima e menos problemas de saúde mental, mas a situação se mostrou o oposto disso”, acrescentou.

Outra constatação foi o consumo de álcool significativamente mais alto daqueles que usam de maneira exacerbada o celular. Não foi encontrada nenhuma ligação significativa com qualquer outra forma de abuso ou dependência de substâncias.

“É fácil pensar no uso problemático de celulares como um vício, mas, se fosse assim tão simples, esperaríamos que ele fosse associado a uma ampla gama de abuso de substâncias, especialmente em uma amostra tão grande. Mas esse não parece ser o caso”, completa o médico.

Alguns especialistas sugerem que o jogo excessivo ou “distúrbio de games”, como agora é classificado pela Organização Mundial da Saúde, inclua também outras telas, como a de celulares.

Pesquisas feitas anteriormente já apontaram ligação entre uso excessivo de smartphones e menor desempenho acadêmico. “Embora o efeito do uso problemático de smartphones nas notas tenha sido relativamente pequeno, vale a pena notar que mesmo um pequeno impacto negativo pode ter um efeito profundo no desempenho acadêmico de um indivíduo, e depois em suas oportunidades de emprego”, diz Jon Grant, da Universidade de Chicago.

Ainda que haja um número crescente de estudos sobre o uso de celulares e suas consequências, nenhum deles provou definitivamente que o consumo excessivo do aparelho causa problemas de saúde mental.

(Via UOL)