*De Paris, na França

Enquanto trabalha na integração dos sistemas para a Olimpíada de Tóquio 2020, a Atos desenvolve uma solução própria de reconhecimento facial. Inspirada na tecnologia que vai ser usada pela NEC nos Jogos Olímpicos do Japão, o conceito foi mostrado em uma corrida de rua em Londrina no início do mês.

O sistema foi usado para identificar atletas que se voluntariaram para participar do teste. Com câmeras com inteligência artificial e óculos de realidade virtual, agentes reconheciam os indivíduos cadastrados e podiam até escolher ações para executar – se um atleta precisasse de socorro, por exemplo, era fácil entrar em ação.

Soluções desse tipo levam alguns anos para serem desenvolvidas e aperfeiçoadas. Por isso, os fornecedores dos Jogos Olímpicos são escolhidos com antecedência. “Gostaríamos de usar a nossa tecnologia em Paris 2024. Ainda não há nada definido, mas estamos desenvolvendo o produto que pretendemos apresentar ao comitê organizador”, diz Eric Monchalin, vice-presidente responsável por inteligência artificial na Atos.

Mais do que reconhecimento facial

Os primeiros resultado desse trabalho vêm sendo apresentados pela empresa em encontros com parceiros e clientes, como o Atos Tech Days, em 16 e 17 de maio, em Paris. “Queremos aplicar nossa solução nos Jogos que vão ocorrer aqui”, explica. Segundo ele, o sistema vai ser capaz de adicionar valor às soluções de segurança com vídeo já existentes. “Ele faz um rastreamento dinâmico das pessoas, especialmente se houver comportamentos estranhos.”

Além disso, a ideia é incluir a análise de áudio. “Trata-se de um componente muito barato e atraente”, diz Monchalin. “O som é mais anônimo que o vídeo. Muita gente ainda se incomoda em ser filmada e fica estressada com as câmeras.” Ele conta que se pode, por exemplo, determinar a fonte ou o tipo de ruído e, a partir disso, decidir se imagens são necessárias. Mais do que uma solução de identificação, é um conceito de segurança pública.

Na mesma linha, a Atos propõe o uso de luminárias com câmeras na iluminação pública para permitir a análise de cenários específicos. “Elas não têm alta definição, até porque isso não é necessário, mas gravam sons. Assim, é possível avaliar o modo de agir das pessoas e, se necessário, ouvir o áudio para tirar conclusões mais precisas”, diz Albert Seubers, diretor global de estratégia de TI nas cidades na Atos.

Ele conta, ainda, que as lâmpadas podem ter cores (verde e vermelho, por exemplo) para ajudar na sinalização quando necessário. “Durante um evento de grande porte, como um jogo de futebol, por exemplo, é possível indicar que um determinado caminho está menos congestionado que outro.”

Câmeras para outras possibilidades

Outras soluções com o uso de câmeras usam a análise de vídeo para diferentes finalidades. Uma delas é o controle de inventário: sempre que um produto é retirado da gôndola, a imagem registrada pela câmera atualiza as informações do sistema de estoque (como a quantidade de itens ainda restante e o código do produto). Para o consumidor, fica claro quando o artigo acabou porque a etiqueta de preço eletrônica é igualmente atualizada.

Reprodução

Da mesma forma, quando o cliente para em frente a uma vitrine (ou mesmo em frente a uma gôndola), as câmeras podem detectar suas reações aos itens ali expostos. Se ele parecer interessado, é possível lhe fazer uma oferta especial para garantir que compre o produto. Há quem critique esse tipo de uso, por considerá-lo invasivo, mas alguns consumidores vão ficar contentes de poder receber esse tipo de oferta. É preciso, então, avaliar com cuidado a implantação desse tipo de solução.