Uber reduziu o número de sensores em seu carro autônomo antes de acidente fatal

Redação28/03/2018 20h13, atualizada em 28/03/2018 20h20

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O primeiro acidente fatal envolvendo um carro autônomo poderia ter sido evitado se a Uber não tivesse reduzido o número de sensores em seus veículos de teste, revelou uma reportagem da agência de notícias Reuters publicada nesta quarta-feira, 28.

Ex-funcionários da empresa e fontes anônimas revelaram a informação à Reuters. Tudo teria começado em 2016, quando a Uber trocou sua frota de carros autônomos – até então, modelos da Ford – por veículos comprados da montadora Volvo.

O principal sensor a bordo de um carro autônomo é o Lidar (pronuncia-se “lai-dar”), uma espécie de radar a base de luz infravermelha e lasers. É este equipamento o responsável por detectar objetos em torno de um carro que se dirige sozinho.

Nos modelos da Ford, a Uber usava um sensor Lidar de 360 graus montado sobre o veículo e outros seis sensores menores espalhados pelos quatro cantos do carro. Quando a Uber passou a usar os modelos da Volvo, só o Lidar de 360 graus permaneceu, enquanto os outros seis menores foram abandonados.

Segundo ex-funcionários da empresa e também especialistas ouvidos pela Reuters, reduzir o número de sensores teria deixado uma “zona cega ao redor do perímetro do carro que não consegue detectar completamente os pedestres”.

Como comparação, as carros autônomos da Waymo, empresa-irmã do Google que investe na tecnologia desde 2009, possuem seis sensores Lidar. Nos carros sem motorista testados pela General Motors, há cinco deles. No da Uber existe apenas um.

Apesar de ter reduzido o número de sensores Lidar, a Uber aumentou o número de radares e de câmeras em torno do carro, o que não seria suficiente para operá-lo de forma segura. O objetivo da empresa teria sido o de melhorar a aparência externa dos seus carros autônomos.

No acidente que matou uma pedestre de 49 anos, o vídeo divulgado pela polícia mostra que a vítima surgiu repentinamente no meio da pista. No entanto, os sensores do carro autônomo deveriam ter detectado sua presença muito antes. A ausência de mais sensores poderia explicar porque o carro não notou a pedestre no caminho.

A Uber não quis comentar a decisão de reduzir o número de sensores em seu carro autônomo. Em vez disso, pediu que a Reuters procurasse a Velodyne, fabricante do Lidar de 360 graus usado nos veículos. A empresa confirmou a existência de um ponto cego e disse que apenas um sensor não é suficiente para cobrir todo o perímetro do carro.

A investigação sobre o acidente ainda não foi concluída.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital