Uber deixa de exibir histórico de localização exato de usuários

Mudança na plataforma visa evitar que a informação seja explorada por motoristas mal intencionados
Renato Santino07/06/2019 21h21

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A indústria de tecnologia está pressionada por questões de privacidade. Diante do impacto de escândalos como os protagonizados pelo Facebook e legislações mais rígidas como a Lei Geral de Proteção de Dados do Brasil e a GDPR na Europa, a Uber anunciou novas medidas de privacidade ligadas ao histórico de viagens dos usuários.

A função começa a chegar ao Brasil nesta semana, e já existia nos Estados Unidos desde o ano passado. Com isso, em vez de mostrar o ponto de embarque e o ponto de desembarque precisamente no histórico, serão exibidos apenas uma área onde a corrida começou e onde ela terminou, sem revelar o endereço exato.

Quando a medida entrou em vigor nos Estados Unidos, muitos ficaram surpresos com a facilidade de abusar do histórico de localização de um usuário da Uber. Isso porque os endereços de origem e destino ficavam armazenados não só no histórico pessoal do passageiro, mas também ficavam guardados nos registros do motorista. Com isso, algum condutor com más intenções poderia revisitar esses dados para recuperar o endereço da casa de alguém, o que é especialmente preocupante no caso de mulheres, que relatam muitos casos de assédio.

A Uber apresenta alguns motivos para explicar a decisão de disponibilizar esses dados aos motoristas. O principal é para que, por exemplo, o passageiro possa pedir para que o condutor devolva algum objeto que tenha sido deixado no veículo. No entanto, a janela para abusar da função para fins inapropriados fez com que a empresa repensasse o formato.

Segundo a Uber, a nova ferramenta visa manter o equilíbrio entre a conveniência para que motoristas identifiquem viagens anteriores em caso de pendências ou suporte, sem necessariamente entregar o exato endereço dos usuários.

A Uber tem tentado, aos poucos, intensificado esforços para combater o assédio em sua plataforma. Em abril, a empresa anunciou um sistema de monitoramento e reconhecimento de mensagens impróprias e também confirmou uma parceria com o Serpro, a empresa de TI do governo federal, que permitirá a checagem das informações cadastrais de seus motoristas em tempo real a partir da CNH.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital