Tubarões estão ‘funcionalmente extintos’ em vários recifes no mundo

Animais não foram encontrados em 69 dos 371 recifes monitorados no litoral de 58 países; Superpopulação humana, pesca predatória e má governança são apontadas como causas do sumiço dos animais
Rafael Rigues24/07/2020 13h43

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Um projeto multinacional chamado Global FinPrint, criado para monitorar a população de tubarões em recifes de coral em todo o mundo, chegou a uma conclusão alarmante: os animais estão “funcionalmente extintos” em 20% dos recifes de coral monitorados, em seis países.

O projeto utilizou 15.165 câmeras subaquáticas instaladas em 371 recifes no litoral de 58 países. Ao longo de três anos foram capturadas mais de 18 mil horas de vídeo, que foram analisadas por voluntários em busca de sinais da presença de tubarões.

Em 69 dos recifes monitorados, na costa da República Dominicana, Antilhas Francesas, Pequenas Antilhas, Quênia, Vietnã e Qatar, praticamente nenhum tubarão foi encontrado. “Nestes países apenas três tubarões foram observados durante mais de 800 horas de monitoramento”, diz o biólogo marinho Colin Simpfendorfer, da Universidade James Cook, na Austrália. “Isso não quer dizer que nunca há tubarões nestes recifes, mas significa que eles estão ‘funcionalmente extintos’, e não desempenham mais seu papel normal no ecossistema”.

Tubarões são importantes para manutenção dos ecossistemas dos recifes, porque mantém a população de outras espécies sob controle. Segundo os pesquisadores, há uma correlação direta entre a atividade humana e a redução na população dos animais: “está claro que o problema central existe na intersecção entre grande densidade da população humana, práticas de pesca destrutivas e má governança”, diz o ecologista Demian Chapman, da Universidade Internacional da Flórida e co-diretor do projeto.

A recíproca é verdadeira: a pesquisa mostrou um aumento na população de tubarões na Austrália, Bahamas, Micronésia, Ilhas Salomão, Polinésia Francesa, Maldivas e Estados Unidos. Estes países, segundo os pesquisadores, tem boa governança, uma forte política de controle da pesca de tubarões e estabeleceram santuários para a espécie.

Segundo o biólogo marinho Aaron MacNeil, da Universidade Dalhousie, no Canadá, “estas nações estão vendo mais tubarões em suas águas porque tem demonstrado boa governança nesta questão. Da restrição de certos tipos de equipamento e definição de limites de captura à proibição nacional de pesca e venda, agora temos uma visão clara do que pode ser feito para limitar a captura de tubarões dos recifes nos trópicos”.

“Agora que a pesquisa está completa, iremos investigar como a perda dos tubarões pode desestabilizar os ecossistemas dos recifes”, diz o biólogo marinho Mike Heithaus, também da Universidade da Flórida e co-líder do Global FinPrint.

Fonte: Science Alert

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital