Trem ultrarrápido da Virgin Hyperloop faz 1º teste com passageiros

Sistema de transporte a vácuo promete alcançar 1.200 km/h no futuro; teste chegou a 160 km/h
Davi Medeiros09/11/2020 13h00, atualizada em 09/11/2020 13h11

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A Virgin Hyperloop informou nesta segunda-feira (9) que, pela primeira vez, o funcionamento de seu trem ultrarrápido foi testado com humanos a bordo. A experiência ocorreu na tarde de domingo em Las Vegas, Nevada, e durou alguns segundos.

Os dois primeiros passageiros do Pegasus, como é chamado o protótipo de trem futurista, foram o diretor de tecnologia da empresa, Josh Giegel, e a líder de experiência do usuário, Sara Luchian. Eles percorreram os 500 metros da pista de teste a 160 km/h, velocidade ainda distante da prometida para o veículo, que deve ultrapassar 1.200 km/h no futuro.

Segundo Giegel, a sensação é semelhante a estar em um avião decolando. A cápsula é suspensa por levitação magnética, mesma tecnologia usada em trens-bala. A diferença é que o hyperloop percorre um tubo selado a vácuo depois de ser impulsionado como um “estilingue”. Sem enfrentar resistência do ar, ele pode ser tão veloz quanto um jato comercial.

A Virgin Hyperloop estima que, com pistas extensas o suficiente, o veículo já está no patamar de desenvolvimento para alcançar cerca de 1.080 km/h. O recorde em testes foi atingido em 2017, quando o Pegasus viajou a 386 km/h.

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Josh Giegel e Sara Luchian, da Virgin Hyperloop, foram os escolhidos para o teste. Imagem: Sarah Lawson/Virgin Hyperloop

Questões de segurança

Em comunicado, o CEO da companhia, Jay Walder, afirmou ter “perdido as contas” de quantas vezes o questionaram sobre a segurança de seu projeto. “Agora, graças a este teste com passageiros, podemos responder a esta pergunta com sucesso”, disse ele.

Uma viagem de 500 metros, porém, não garante muita coisa. Constantine Samaras, professor de engenharia civil ouvido pelo The Verge, avaliou que ainda há muitas questões de segurança que precisam ser respondidas.

“Todos os desastres imprevistos precisam ser integrados ao sistema”, afirma. “Um terremoto? O tubo de vácuo quebra? O trem de alguma forma atravessa o tubo? Em velocidades tão altas, esses eventos amplificam muito o perigo e, portanto, a segurança deve ser primordial”.

Outro enorme desafio, segundo a publicação, será fazer uma curva a 1.200 km/h. Em entrevista ao The New York Times em 2017, um engenheiro da Virgin Hyperloop explicou que o veículo precisaria de aproximadamente 10 quilômetros para executar uma curva de 90 graus a esta velocidade.

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Meio de transporte ultrarrápido da Virgin Hyperloop percorre tubos a vácuo. Imagem: Sarah Lawson/Virgin Hyperloop

Até hoje, nenhum governo do mundo assinou contrato para a construção de um sistema de transporte desse tipo. Além das implicações de segurança, o valor do investimento também não é muito atraente. Documentos vazados em 2016 sugeriam que um hyperloop custaria entre US$ 9 bilhões e US$ 13 bilhões, valor consideravelmente mais alto que o necessário para construir um trem-bala.

Em 2017, os principais executivos da Virgin Hyperloop disseram ao The Verge que esperavam ver “hyperloops funcionando em todo o mundo até 2020”. A previsão falhou, já que somente agora está sendo testada a capacidade do veículo de levar passageiros.

Quando finalizado, o hyperloop da Virgin terá 23 assentos e atravessará o deserto de Nevada em cerca de 35 minutos. Segundo a nova previsão dos executivos da empresa, isso deve acontecer em 2021.

Via: The Verge

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital