Na última segunda-feira, 11, um dia antes de subir ao palco do Steve Jobs Theater para apresentar o iPhone que marcará os dez anos de presença do smartphone no mercado, o CEO da Apple, Tim Cook, concedeu uma entrevista à Fortune na qual quis esclarecer que os produtos da marca não são feitos tendo os ricos como público-alvo.

A fala veio em tréplica a uma provocação do jornalista Adam Lashinsky, que acabara de mostrar um ponto contraditório no discurso do executivo. “Você diz que a Apple faz seus produtos para que todo mundo consiga usá-los”, comentou Lashinsky. “Mas a estratégia de mercado da Apple é fazer produtos de ponta, com preço premium e alta margem [de lucro].”

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Cook, então, respondeu que a Apple tem uma margem mais fina do que a de outras companhias, e que os seus preços levam em conta o valor de cada produto. “E tentamos fazer os melhores”, salientou, deixando claro que a Apple não está no mercado de produtos do tipo “commodity” — embora ele não condene quem o faça.

“Mas, se você observar nossas linhas de produtos, é possível comprar um iPad hoje por menos de US$ 300”, seguiu o CEO. “Você pode comprar um iPhone, dependendo de qual selecionar, por essa mesma faixa de preço. Então eles não são feitos para os ricos. Nós obviamente não teríamos mais de 1 bilhão de produtos que estão em nossa base ativa de instalações se estivéssemos criando eles para os ricos, porque esse é um número considerável.”

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Claro que Tim Cook estava levando em conta o mercado norte-americano, onde o salário mínimo federal é de US$ 7,25 a hora, o que equivale a US$ 1.595 por mês para uma jornada de 44 horas semanais. Neste cenário, um iPhone SE, que custa US$ 399, toma cerca de 25% do salário mais baixo do país.

No Brasil, o mesmo iPhone SE custa R$ 2.499, sendo que nosso salário mínimo é de R$ 937. Ou seja, quem recebe essa quantia teria de passar quase três meses sem gastar nada para comprar o iPhone mais barato da Apple — o que faz com que a afirmação de Cook soe estapafúrdia para o consumidor local.