O TikTok escapou do banimento de suas operações nos Estados Unidos no último domingo (20). O acordo que levou o presidente Donald Trump a ampliar o prazo das operações do aplicativo no país por mais esta semana engloba diversas concessões, mas uma delas vem chamando a atenção da mídia: o TikTok, propriedade da gigante chinesa ByteDance, deverá criar 25 mil novos empregos nos EUA para se manter operacional.
A informação veio do próprio Trump. As novas posições de trabalho seriam parte das condições para a aprovação presidencial de uma negociação que prevê que o comitê de direção do TikTok nos EUA seja composto e supervisionado por cidadãos americanos – executivos da Oracle e da rede varejista Walmart, especificamente, já que a empresa fundada por Larry Ellison foi a vencedora da oferta de compra do app chinês nos Estados Unidos.
Depois de uma batalha comercial que quase lhe rendeu o banimento, o TikTok segue em operação nos EUA – mas há condições. Imagem: iStock
Especialistas argumentam, porém, que a missão é bastante complicada: segundo a agência de notícias Reuters, um número tão alto implica na expectativa de um crescimento acentuado de receita, justamente em um período onde os desafios globais e o generalizado sentimento “anti-China” estão em alta e desfavorecem a ByteDance. A agência especula que o TikTok vá gerar algo próximo de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,42 bilhões) ao final de 2020 – mas se sua eficiência fosse similar à de empresas como o Twitter, ela deveria trazer cerca de 19 vezes esse valor.
Segundo Dan Ives, analista da Wedbush Securities, os novos empregos deverão se concentrar em vagas de engenharia, infraestrutura e segurança, além de moderação de conteúdo: “Do ponto de vista de segurança e infraestrutura, eles terão que contratar milhares de pessoas especificamente para este tópico…dada a sua sensibilidade”.
O especialista faz alusão ao foco do governo americano na privacidade de dados, bem como o intuito de preservar informações de usuários americanos da plataforma – o que começou toda a briga com a ByteDance e o governo chinês. O leitor deve lembrar que Trump acusou a ByteDance de atuar em conjunto com Beijing na coleta de informações de usuários e empresas norte-americanas, o que a gigante tecnológica chinesa sempre negou.
Donald Trump: criação de novos empregos é uma das condições do presidente americano para que o TikTok continue nos EUA. Foto: Evan El-Amin/Shutterstock
Há também a possibilidade de a Oracle ou o Walmart criarem divisões específicas para conduzirem suas responsabilidades com o TikTok: uma fonte da Reuters disse que o número de 25 mil empregos foi baseado em uma média para organizações de tamanho similar ao do app, ressaltando ainda que este valor seria até “conservador”, com o intuito de “prometer menos para entregar mais”. Em outras palavras: o TikTok fala em 25 mil, entrega, digamos, 30 mil e diz que “superou” uma meta que já seria propositalmente inferior.
O histórico, porém, não favorece: ainda citando a Reuters, a agência relembra o caso da taiwanesa Foxconn, que prometeu 13 mil novos empregos americanos em 2017. Avançando para 2019, relatórios deram conta de apenas 600 novos postos ocupados.
Fonte: Reuters