Testamos o Nabu Watch, o relógio da Razer que não é um smartwatch

Renato Santino16/02/2016 15h31

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A tecnologia vestível é a nova menina dos olhos da indústria. Basicamente, todos que podem ter um smartphone já tem um, e o foco se voltou para a criação de acessórios que orbitem o celular inteligente. Daí nasceu toda a internet das coisas, e a já citada tecnologia vestível, que inclui pulseiras, óculos e relógios de pulso.

A Razer é uma destas empresas que está diversificando suas atividades. A empresa se especializou em computadores e laptops para jogos, mas hoje também produz as pulseiras conectadas Nabu e, mais recentemente, o relógio de pulso Nabu Watch, que eu tive a oportunidade de testar nas últimas semanas.

Perceba que em nenhum momento eu chamei o Nabu Watch de “relógio inteligente”. Isso é proposital, e você já vai descobrir o porquê.

O aparelho

Deixe-me tirar isso do caminho antes de prosseguirmos: nenhum smartwatch me convenceu até hoje. Suas funcionalidades até hoje se restringem a um luxo que é a preguiça de tirar o celular do bolso. Se você tem o dinheiro para isso, ótimo, mas não é uma necessidade para a maioria das pessoas, tornando o aparelho supérfluo.

 Reprodução

Dito isso, o Razer Nabu não é um smartwatch. Ele é um relógio de pulso digital, muito próximo de qualquer outro que você já viu antes de inventarem a expressão smartwatch, com o diferencial de ser uma pulseira inteligente, capaz de coletar dados sobre exercícios, calorias queimadas, monitorar seu sono, servir de pedômetro e alarme silencioso. Ele também mostra as notificações que você recebe no seu celular.

Ele é uma pulseira inteligente com um relógio de pulso acoplado. E ele se sai muito bem como pulseira fitness.

Design

Não dá para negar que o relógio é grande. Bem grande, na verdade. Assim que ele chegou na redação do Olhar Digital, começaram a rolar as famigeradas piadinhas com “Hora de Morfar!” dos Power Rangers, ou a comparação inevitável com os relógios usados pelo glorioso apresentador Fausto Silva, o Faustão.

É definitivamente um design masculino, já que relógios femininos costumam ser mais delicados. Ele é grande em circunferência e também é espesso, o que faz com que o encaixe no punho não seja muito natural, e exija um período de adaptação para quem não está acostumado. Ele tende a restringir um pouco a movimentação da mão por causa do tamanho exagerado.

Reprodução

Vale lembrar o que foi dito acima: o relógio é uma pulseira fitness que mede o sono. Isso quer dizer que você é incentivado a usá-lo enquanto dorme. Infelizmente, foi bastante desconfortável usá-lo para dormir, por mais interessante que seja a ideia de medir a qualidade do seu cochilo noturno.

Funcionalidades
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O Nabu Watch é praticamente todo configurável pelo celular, por meio de um aplicativo da Razer, que se conecta ao relógio via Bluetooth. A configuração é bastante indolor, embora o aplicativo não seja um primor em usabilidade. Ele poderia ser um pouco mais simples de usar e ter um layout um pouco mais elegante.

O aplicativo concentra os dados coletados pela pulseira, que se resumem em cinco grupos principais: a quantidade de passos que você deu ao longo do dia, a distância que você percorreu em sua caminhada, quantas calorias você queimou no processo e quanto tempo você realmente esteve ativo durante o dia. Além disso, ele mostra quantas horas você dormiu durante à noite, e a quantidade de vezes em que você esteve sem descanso enquanto dormia por estar inquieto.

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Foi possível observar que o medidor de sono não mede realmente o seu sono, mas o seu período deitado na cama. Em mais de uma oportunidade a pulseira detectou um falso-positivo, quando eu estava assistindo a alguma coisa na TV deitado. Isso me fez questionar a qualidade dos dados que me eram apresentados ao final de cada dia.

Pela captura de tela, é possível perceber: eu não sou um exemplo de ser humano ativo. Na maior parte do tempo eu passava longe de bater as metas que o aplicativo oferecia para mim, o que é parte do propósito de usar uma pulseira do tipo. Criar metas, superá-las e estabelecer novos costumes para viver uma vida mais saudável. Infelizmente, ela não me incomodou o bastante para me forçar a tirar o traseiro da cadeira, mas houve um dia em que eu precisei andar bastante e bati a meta. Neste momento, a pulseira vibrou e mostrou um trofeuzinho no pequeno visor de OLED. Não vou mentir: foi divertido.

Este visor OLED que é realmente pequeno, também tem outra função interessante, que é a de mostrar as notificações que chegam no meu celular. Ao contrário de outros relógios (os inteligentes), ele não permite que você tome nenhuma ação sobre isso. Você só pode vê-las e descartá-las, sem nenhuma outra possibilidade de responder a não ser tirar o celular do bolso. Ainda assim, é mais prático do que tirar o smartphone do bolso toda vez que sentir a vibração.

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Peculiaridades

Algo que deve ser dito sobre o relógio da Razer é a duração de sua bateria. Como ele não é um relógio inteligente no sentido mais convencional do termo, ele não sofre das mesmas mazelas de bateria que seus irmãos como o Moto 360 ou o Apple Watch, que dificilmente resistem a mais de um dia sem recarga. Não, o Nabu Watch supera uma semana de uso sem precisar de uma nova recarga, e isso é ótimo. Além disso, a recarga também é bem rápida, indo do 0 ao 100% de bateria em cerca de duas horas.

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Quando você realmente precisa carregar, o relógio possui um truque especial, que também vemos nos smartwatches de maior destaque. Em vez de usar um conector micro-USB convencional, ele usa um conector magnético, similar ao MagSafe que encontrávamos nos Macbooks. O encaixe é bem simples e facilitado graças ao magnetismo.

O conector magnético só tem um possível problema. Por se tratar de um conector proprietário, é preciso torcer para que a bateria não acabe enquanto você está na rua ou no trabalho; caso contrário, você não encontrará um cabo adequado para recarregar o aparelho. Felizmente, como a duração da bateria da Nabu Watch é longa, este cenário é improvável.

Outra vantagem é o fato de que, quando a bateria acaba, o relógio não para de funcionar. Parece maluquice, mas é bem simples, na verdade. Lembra que falamos que o produto era uma pulseira inteligente com um relógio de pulso acoplado? O que deixa de funcionar com o fim da bateria é a parte da pulseira inteligente; o relógio digital convencional segue operando normalmente por tempo indefinido. Isso quer dizer que mesmo que você seja a pessoa mais esquecida do mundo e deixar de carregar o aparelho por mais de uma semana, você não vai ficar sem horas.

Conectividade

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O relógio da Razer traz algumas ideias interessantes, como o “handshake”, ou “aperto de mão”. Se duas pessoas se cumprimentarem, ambas usando o relógio (ou outra pulseira Nabu), cada uma recebe as informações de contato da outra. Isso, claro, se as duas pessoas tiverem ativado a ferramenta, que vem desligada por padrão.

A pulseira também conversa com outros aplicativos, incluindo Facebook, Twitter, Google Fit e o Map My Fitness. A Razer também deve lançar um kit de desenvolvimento para que outros aplicativos abracem a integração com o seu aparelho em breve.

A empresa nunca escondeu que a sua origem está no mundo dos games, e a pulseira também pode ajudar os jogadores. A Razer fala na possibilidade de que jogadores possam conseguir pontuação extra e vantagens em jogos ao bater sua meta de passos em um dia, por exemplo, apesar de não dar um exemplo concreto de game que tenha ou que virá a ter essa funcionalidade. Mas é uma boa ideia para incentivar o público a se mexer.

Conclusão

O Nabu Watch da Razer não é um smartwatch, não é um relógio inteligente. É uma pulseira conectada com um relógio acoplado, e faz bem a sua função, desde que o comprador saiba diferenciar as duas coisas.

O grande problema, no entanto, é a concorrência. O mercado de pulseiras fitness está florescendo, com algumas opções de destaque. Um exemplo é a Mi Band, da Xiaomi, que custa MENOS de R$ 100, fazendo a maior parte das funções que o Nabu Watch faz; só não mostra as horas, nem tem a telinha para exibir notificações. Enquanto isso, o relógio da Razer deve chegar ao Brasil por R$ 1 mil, segundo a própria empresa.

Assim, o Nabu Watch é apenas para aqueles que querem as funções de uma pulseira, mas não abrem mão do relógio de pulso digital caríssimo. Para qualquer outra opção, o Nabu Watch não faz muito sentido.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital