Testamos: novo Moto G é uma evolução em todos os sentidos, menos no preço

Redação25/05/2016 21h19, atualizada em 26/05/2016 13h00

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O primeiro smartphone da linha Moto após o fim da marca Motorola, em janeiro deste ano, chegou ao mercado na última semana. Após três gerações de sucesso, o Moto G se dividiu em uma família de diferentes modelos: o Moto G4, o Moto G4 Plus e o Moto G4 Play. A mudança na estratégia da empresa ficou clara.

Segundo os próprios executivos da Lenovo, a marca Moto G nasceu como um smartphone de entrada, conquistando os consumidores que estavam começando a conhecer o mundo dos celulares inteligentes e não queriam gastar muito. A partir de então, a linha evoluiu com os hábitos dos usuários, que decidiram que precisavam de mais recursos e mais performance.

Isso significa que os donos e fãs do Moto G estão dispostos a pagar mais caro pelo aparelho que um dia foi conhecido como o “rei do custo-benefício”? Há controvérsias. Testamos o principal dispositivo da nova família de smartphones, o Moto G4, e mostramos para você em que pontos ele supera os antecessores e em quais pontos é possível melhorar.

Design

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O primeiro contato que um usuário tem com um smartphone é sempre visual. Em termos de design, o Moto G4 é bem diferente dos modelos anteriores, em diversos aspectos. O aparelho é o mais fino que a Motorola já colocou no mercado até hoje, com apenas 9,8 milímetros de espessura.

A tampa traseira é revestida por uma microfibra que ajuda o usuário a segurar o celular com mais firmeza. Por outro lado, o Moto G perdeu o formato curvado na parte de trás que o fazia se “encaixar” na mão do usuário com mais facilidade. Com uma tela maior (5,5 polegadas), o Moto G4 é definitivamente um pouco mais chato para quem quiser manipulá-lo com apenas uma mão.

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Outras mudanças perceptíveis e questionáveis estão na parte frontal do aparelho. Uma das duas linhas que ficavam abaixo e acima da tela nas versões antigas – herança dos Nexus do Google – foi removida. A linha do alto-falante permanece no topo, enquanto a linha do microfone sumiu, dando lugar a um pequeno “furo” para a entrada da voz.

Além disso, o acabamento em um material que lembra alumínio nas bordas dá um toque de sofisticação extra. Com tudo isso, o Moto G4 perde a identidade visual que o consagrou até aqui e segue por uma outra direção, mais “premium”, deixando-o quase irreconhecível – e também mais parecido com as diretrizes da Lenovo.

Tela

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Pode parecer pouco, mas 0,5 polegadas a mais fazem a diferença na qualidade da imagem do Moto G. O novo modelo vem com uma tela Full HD, de 1.920 por 1.080 pixels de resolução e densidade de 401 pixels por polegada. É basicamente o mesmo que o Moto X, tanto em termos de qualidade quanto em fidelidade de cores, considerando, é claro, as limitações do LCD.

O tamanho do display, como comentado no quesito de design, causa um certo desconforto nas mãos de quem está acostumado às 5 polegadas do Moto G de segunda e de terceira geração. A qualidade é, de fato, superior, embora ainda não seja tão alta quanto a de concorrentes como o Galaxy A5 e o Galaxy S7 Edge, que têm o mesmo tamanho, mas usam Super AMOLED em vez de LCD.

Software

Mantendo a tradição, o novo Moto G vem com uma edição quase pura do Android 6.0 Marshmallow. Isso significa que não há modificações desnecessárias no visual do sistema, ícones ou recursos a mais além daqueles que vêm na versão original do software que o Google desenvolve para as fabricantes.

Merece elogios a ausência (ou quase) de aplicativos pré-instalados, chamados de “bloatware”. Dos 16GB de armazenamento interno disponíveis, pouco mais de 5GB são ocupados pelo sistema operacional, com apenas alguns apps básicos do Google instalados de fábrica e impossíveis de serem removidos.

Uma novidade bem-vinda, porém, é a inclusão do app de mensagens SMS do Google, o Messenger, que substitui o aplicativo padrão do Android. Assim, o usuário pode colocar emojis em suas mensagens de texto, que podem ser lidos por um contato que também use o Messenger. Há também um widget removível de relógio na tela principal, outra novidade na linha.

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Em termos de performance, não há o que reclamar. Em testes de benchmark, o aparelho se saiu bem, num nível próximo ao do Moto X (atual top de linha da marca, pelo menos por enquanto) e não notamos qualquer travamento ou lentidão. Mesmo com diversos apps abertos ao mesmo tempo, incluindo Facebook, WhatsApp, Snapchat e Hangouts, e na execução de jogos pesados, como “Asphalt 8: Airborne”, o aparelho não deixou a desejar.

O resultado se deve ao aumento na memória RAM, de 1GB para 2GB (o Moto G3 Turbo já vinha com esse volume extra de memória), além do processador Snapdragon 617, CPU de oito núcleos com clock máximo de 1,5 GHz, e GPU Adreno 405. O aparelho também suporta expansão de memória interna para até 128GB com cartão microSD.

Bateria

A forma como o Moto G gerencia energia melhorou em diversos pontos, mas em outros permanece a mesma coisa. A tela maior naturalmente consome mais recursos da bateria, mas esta, por sua vez, agora tem carga de 3.000 mAh, enquanto o Moto G de terceira geração vinha com uma de 2.470 mAh.

O equilíbrio nesses dois fatores faz com que o Moto G4 segure bem a carga por quase um dia inteiro, não muito diferente de seus antecessores. O caso é que a Lenovo colocou no pacote um carregador USB mais rápido, de 10W, o que permite que o smartphone vá de 0% a 100% da carga em pouco menos de duas horas ligado à tomada.

Câmera

Outra melhoria bem-vinda ao Moto G4 está na câmera do aparelho. Embora a resolução de 13MP permaneça a mesma, assim como a abertura de f/2.0, o sistema de foco instantâneo do sensor está muito mais rápido e eficiente – exceto quanto o objeto que você quer deixar em destaque na sua fotografia está próximo demais da câmera. Nesses casos, o sensor leva um pouco mais de tempo para se ajustar.

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Para selfies, a câmera frontal também teve uma melhoria considerável com um ângulo mais aberto, permitindo um alcance maior para fotos em grupo e eliminando a necessidade de um “pau de selfie”. No entanto, ambas as câmeras ainda enfrentam problemas em ambientes de pouca luz, já que a abertura das lentes não é tão grande.

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O software corrige (em parte) essa deficiência com um filtro HDR automático e recursos de configuração para fotos profissionais. Você pode ajustar digitalmente o balanço de branco, velocidade do obturador, ISO, compensação de exposição, luminosidade e foco. Nada tão sofisticado, mas serve bem ao propósito de dar mais liberdade ao usuário.

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Conclusão

Como já notamos em nossas primeiras impressões com o aparelho, um par de câmeras razoáveis e um desempenho de alto nível colocam o Moto G4 para brigar de igual para igual com muitos tops de linha do mercado. O que o derruba, porém, é o preço: R$ 1.299.

Em alguns pontos, o novo Moto G parece uma discreta evolução do seu antecessor imediato, enquanto em outros parece estar no mesmo nível que o Vibe A7010 ou o Vibe K5, ambos da Lenovo. Com isso, fica difícil entender qual é a fatia do mercado que essa nova aposta da empresa pretende alcançar.

Afinal, por anos o Moto G foi o smartphone mais desejado pelo consumidor brasileiro, especialmente por conta do já citado custo-benefício, sempre saindo por menos (ou pouco mais) de R$ 1 mil. A impressão que fica é que o aparelho evoluiu em desempenho, hardware e software, mas o preço começou a crescer em passos levemente mais largos.

Fica ainda mais confuso se considerarmos que os dois modelos da linha Vibe, da mesma fabricante, oferecem uma experiência parecida e custando menos. A Lenovo pode colocar a culpa no dólar e no fim de algumas exonerações fiscais, como a Lei do Bem, mas isso não explica como os já citados A7010 e K5 permanecem custando menos.

As profundas transformações do design também são difíceis de justificar, especialmente para os usuários que acompanharam a evolução do Moto G desde 2013 como fieis consumidores. O Moto G4 é um excelente smartphone, mas não ocupa uma faixa de preço justa para o nome que carrega.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital