Testamos: Moto Z2 Play é o melhor smartphone por até R$ 2.000

Redação19/06/2017 20h52

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No começo de junho, a Lenovo lançou o Moto Z2 Play. É um pouco curioso que a empresa tenha decidido lançar primeiro o sucessor da versão mais simples de seu top de linha – o Moto Z Play – do que o sucessor do seu top de linha – o Moto Z2, que ainda não tem data de lançamento. Mas foi isso que a empresa fez, e, depois de passar um tempo com o celular, temos algumas ideias do porquê de a empresa ter feito isso. Uma delas é que ela sequer pretende trazer para cá o Moto Z2. Mas, com o Moto Z2 Play por aqui, talvez o Moto Z2 nem faça muita falta.

Vendido por R$ 2.000, o Moto Z2 Play é um lançamento bem estratégico. Ele é um celular muito bom, embora esteja longe do desempenho e do luxo de um top de linha como o LG G6 e o Samsung Galaxy S8. Acontece que ele compensa essas faltas com algumas outras amenidades bem interessantes, como os Moto Snaps. E, além disso, ele custa a metade daqueles aparelhos – o que faz dele uma opção excelente para quem está em busca de um dispositivo intermediário premium.

Design

No aspecto visual, o Moto Z2 Play é um avanço em todas as frentes sobre seu antecessor. Ele é mais leve e mais fino, com menos de 6 milímetros de espessura – é praticamente a mesma espessura do Moto Z, dá para ver uma comparação dos dois na imagem abaixo, com o Moto Z2 Play á esquerda e o Moto Z à direita.

Reprodução

Isso significa que ele também tem uma protuberância bem marcada na sua metade superior, onde fica a lente da câmera, algo que pode incomodar algumas pessoas. Significa também que não foi por falta de espaço que a Lenovo deixou o Moto Z sem porta de fone de ouvido. As três cores em que ele está disponível são bem bonitas, com um acabamento metalizado, e todo o dispositivo dá uma sensação de qualidade.

A tela de 5,5 polegadas tem bordas generosas ao redor, o que se destaca negativamente na comparação com os tops de linha de 2017. Mas pelo menos ela ocupa essas bordas com a câmera frontal, na parte de cima, e com o sensor biométrico, na parte de baixo. O sensor funciona bem e raramente não reconhece as impressões digitais dos dedos já cadastrados. Ele também pode ser usado para navegação – mais sobre isso em breve.

Na mão, o Moto Z2 Play parece resistente e bem “sólido” – tanto a tela quanto sua traseira resistem a arranhões de chaves e moedas sem sofrer marcas permanentes. Sendo bem detalhista, dá para fazer uma reclamação: o equilíbrio do dispositivo na mão é um pouco estranho.

Com a protuberância da câmera na parte de cima e o sensor biométrico na de baixo, ele tende a ficar um pouco desequilibrado quando você o tira do bolso. Isso porque você tende a pegá-lo mais pela parte de baixo (para destravar a tela), enquanto o peso maior está na parte de cima. Isso aumenta um pouco o risco de que você o derrube. E a parte traseira dele é lisa a ponto de fazer com que ele escorregue de qualquer superfície que não esteja perfeitamente nivelada. Mas, novamente, são detalhes.

Software

Desde o lançamento dos Moto G5 e G5 Plus, a Lenovo começou a tomar um pouco mais de liberdades com o Android, em vez de lançar os aparelhos com versões quase puras do sistema. Mas, ao contrário do que costuma acontecer quando as fabricantes mexem no sistema operacional, as alterações que a Lenovo fez foram, em geral, positivas – e a maioria delas também pode ser anulada ou desativada.

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A Moto Tela, um recurso que faz com que a tela se acenda um pouco ao detectar qualquer movimentação perto dela, é particularmente legal. Ela permite que você veja notificações ou as horas rapidamente quando o celular estiver sobre uma mesa, por exemplo, mas infelizmente ela nem sempre funciona. Às vezes, é necessário sacudir o celular para que ela se ative, e às vezes ela fica acendendo sozinha sem motivo aparente. Isso provavelmente pode ser resolvido com uma atualização de software no futuro, e o fato de que o recurso existe já é positivo.

Há também alguns gestos de acesso rápido que são bem interessantes. Sacudir o aparelho duas vezes faz com que ele acenda a lanterna, o que é bem útil – exceto pelo fato de que ela se apaga sozinha depois de algum tempo. Deveria haver algum jeito de acendê-la permanentemente sem precisar destravar a tela. E torcer a mão rapidamente faz com que o aparelho ligue a câmera. Esse método de ativar a câmera é bem intuitivo, e o reconhecimento dos gestos em geral funciona muito bem. Não se trata só de uma brincadeira, mas de uma maneira confiável de ativar certos recursos do celular.

Finalmente, há a possibilidade de se navegar usando o sensor biométrico em vez dos botões tradicionais do Android. Se você ativa isso, o sensor vira o botão Home, deslizar para a esquerda sobre ele vira o botão voltar, e deslizar para a direita vira o botão “apps recentes”. A ideia é muito boa – ela libera um espaço interessante na tela que tradicionalmente fica ocupado pelos botões -, mas a execução, nem tanto.

O principal problema é o fato de que esses botões nem sempre fazem a mesma coisa que os botões do Android fariam naquelas situações. Imagine, por exemplo, que você está usando o Facebook e clica em um post para ler os comentários. Depois, você quer voltar para a sua timeline. O botão “voltar” do Android cumpriria esse papel; mas se você desliza para a esquerda sobre o sensor biométrico, o Moto Z2 Play fecha o app do Facebook e volta para a sua tela inicial. Nesse caso, para voltar, você precisaria usar o botão do próprio aplicativo – que fica na parte superior da tela, a cerca de 5,5 polegadas do local onde você estará com a mão. Assim, esse recurso, embora seja bem legal, é uma ideia que ainda exige refinamento.

Performance

Com 4 GB de RAM e um processador Snapdragon 626, o Moto Z2 Play lida relativamente bem com a maioria das situações de uso cotidiano. Você pode abrir e navegar em diversas redes sociais ao mesmo tempo, assistir a vídeos no YouTube, chamar carros pelo Uber ou apps semelhantes e jogar jogos da Play Store – tudo isso ao mesmo tempo – sem passar nenhum nervoso por conta de demoras de carregamento.

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Mas jogos mais pesados já começam a mostrar o espaço que separa o Moto Z2 Play dos tops de linha da Samsung e da LG – os tempos de carregamento aumentam consideravelmente. Ao menos para uso cotidiano, no entanto, o dispositivo funciona muito bem, e seus 4 GB de RAM também garantem (tanto quanto possível) que essa boa performance se manterá ao longo das próximas atualizações do Android.

Agora, se você compara a pontuação do Moto Z2 Play em alguns benchmarks às de outros aparelhos, fica mais claro que ele não compete em nível de igualdade com os tops de linha do mercado. O Antutu Benchmark, por exemplo, deu ao dispositivo uma pontuação de 68.067; o líder do ranking é o iPhone 7 Plus, que pontuou 181.421, e outros aparelhos do ano passado deixam o Moto Z2 Play bem para trás, como o Galaxy S7 (134.156). No patamar dele estão aparelhos como o Galaxy A7 2017 (63.254) e o Zenfone 3 (61.801).

Tela e som

A tela de 5,5 polegadas Full HD do Moto Z2 Play tem a característica muito legal de ser AMOLED. Isso a torna capaz de reproduzir um contraste um pouco maior de cores do que os dispositivos com telas LCD. E isso acaba fazendo com que as imagens que ele mostra sejam comparáveis – embora não iguais – às de alguns celulares com resolução maior e tela LCD. De modo geral, basta dizer que é uma tela excelente para a sua categoria.

Ela também têm o recurso Moto Tela, sobre o qual já falamos, e que infelizmente não funciona tão bem quanto poderia. Quanto ao som, ela é complementada apenas pelo alto-falante da parte superior do telefone – o mesmo local de onde saem as vozes em ligações. Ele é um bom alto-falante, fica bem alto no volume máximo e é virado para frente, o que significa que é pouco provável que você o tape com a mão enquanto assiste a algum vídeo.

Mas ele é um só, e há limites para quão boa pode ser sua experiência de vídeos com um só alto-falante. Também seria legal ver a Motorola dar capacidades estéreo ao seu celular. A porta de fones de ouvido, por sua vez, fica na parte de baixo do telefone. É um bom lugar porque, se você deixa o celular no bolso, o pino do fone fica para cima. E todos os fones testados com ele funcionaram bem, mesmo aqueles com microfone e botões.

Câmera

A câmera do Moto Z2 Play foi outra, além da bateria, que sofreu uma aparente “redução”. A do Moto Z Play tinha 16 MP; a do Z2 Play tem 12 MP. Mas, assim como na bateria, essa redução não é tão negativa assim. Pelo contrário. A câmera do Z2 Play mostra uma boa melhoria com relação à de seu antecessor.

Quando você torce o pulso para abri-la com o gesto, ela se ativa de maneira relativamente rápida. O gesto é confiável, mas às vezes a inicialização da câmera leva tempo o suficiente para que você perca o momento que queria fotografar – uma diferença dela para as câmeras dos tops de linha. Quando ela abre, no entanto, funciona bastante bem, capturando imagens que são, no geral, bem coloridas e vívidas, com resolução mais que suficiente.

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Um teste que normalmente revela a fraqueza das câmeras de celular é o ambiente de pouca luz. O sistema de HDR do Moto Z2 Play, no entanto, consegue garantir que mesmo fotos tiradas em bares com iluminação baixa, ou fotos externas tiradas à noite, saiam de maneira satisfatória. O HDR exige que você mantenha o celular “estável” nas mãos enquanto a foto é tirada, e isso tem alguns poréns: ele pode ocasionar imagens tremidas, e não é possível tirar fotos em sequência nessas situações. O resultado é que as fotos podem não sair com toda a beleza que você vê naquela cena, mas o fato é que elas saem – talvez um pouquinho borradas, talvez um pouco escuras, mas saem.

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Tudo isso pode ser dito da seguinte maneira: a câmera do Z2 Play resolve o problema. Você não vai ter um caso em que precisará dizer “não consegui tirar foto porque tava muito escuro” ou algo assim. Você consegue fotografar praticamente tudo que quiser com ela, com um pouquinho de esforço.

A câmera frontal, por sua vez, é extremamente funcional. Mesmo em situações relativamente mal iluminadas, ela consegue produzir selfies boas. Ela tem aquele filtro “embelezador”, que na verdade deixa seu rosto mais branco, sua pele artificialmente lisa e seus olhos meio grandes como os de um personagem de anime, mas você pode desativá-lo sem problema. E há também um gesto para alternar entre a câmera frontal e a traseira, o que é bem legal.

Bateria

O Moto Z Play foi um destaque absoluto de 2016 no quesito bateria, com capacidade para dois dias de uso longe das tomadas. O anúncio do Moto Z2 Play foi um pouco preocupante, já que o “emagrecimento” do seu design veio à custa da bateria. A desse dispositivo tem apenas 3.000 mAh de capacidade (contra 3.510 mAh do seu antecessor). Mesmo assim, ela oferece um desempenho mais que satisfatório, que a coloca entre as melhores da categoria.

Num dia de uso normal, com redes sociais, jogos, vídeos do YouTube e outros apps, é possível chegar ao final do dia com de 40% a 50% de bateria sobrando. Economizando um pouco, você consegue passar por dois dias seguidos com uma só carga da bateria tranquilamente. Isso porque o Moto Z2 Play também tem um bom recurso de economia de bateria, que elimina algumas animações e diminui um pouco a performance e o brilho da tela para durar mais tempo – com bons resultados.

E em caso de emergência, você ainda pode colocá-lo para carregar com carregamento rápido. A Lenovo promete sete horas de uso com apenas 15 minutos de carga; o número nos pareceu um pouco exagerado, mas o fato é que o Moto Z2 Play realmente carrega bem rápido. Na improvável chance de que você precise carregá-lo ao longo do dia, 15 minutos devem bastar para chegar em casa – mesmo que você vá para alguma festa antes.

Se você quiser, ainda pode pagar mais R$ 200 para comprar, junto com o celular, o Snap de bateria, que faz com que ela dure ainda mais. O acessório se encaixa na traseira do dispositivo, fazendo com que ele praticamente dobre de espessura (o que não é um problema, já que ele é bem fino) e acrescentando mais cerca de 2.500 mAh de bateria. Ele é muito prático de se usar, e, quando você carrega o celular na tomada, primeiro ele carrega o celular, depois o Snap. Com carga completa, o celular e o Snap são capazes de, com alguma economia, ficar três dias inteiros sem ver uma tomada.

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Snaps

Praticamente todos os celulares de hoje têm alguma coisa para se diferenciar dos demais. No caso do Galaxy S8, é a tela curva; o Moto Z2 Play tem os Moto Snaps, acessórios que se acoplam magneticamente à traseira do celular, expandindo suas capacidades. E, junto com o Moto Z2 Play que recebemos para testes, a Lenovo enviou também diversos Snaps que pudemos testar – como o da bateria, sobre o qual falamos acima.

Por R$ 200 também você pode comprar o celular junto com o Snap de caixa de som da JBL. Desse Snap, pode-se dizer que ele cumpre extremamente bem o que se propõe: ele transforma o seu celular em uma caixa de som cujo volume fica bem alto. Ele é ideal para o caso de você precisar de uma caixa de som ligada diretamente ao seu celular, mas tem uma série de contrapartidas: primeiro, ele deixa o seu celular bem pesado – a ideia é que você deixe o celular encostado em algum canto enquanto ele toca. E, nesse caso, não seria melhor comprar uma caixa de som Bluetooth pelo mesmo preço?

As outras opções são o Snap de câmera e o projetor, mas elas são mais caras: R$ 700, além dos R$ 2.000 do celular. Todas elas impressionam pela praticidade com que se conectam ao smartphone: é literalmente só encaixar e sair usando. A câmera, na verdade, é basicamente apenas uma lente de zoom óptico. Com ela, você consegue fotografar objetos distantes com a mesma qualidade com que fotografa de perto. Isso permite que você faça algumas imagens bem legais – pores-do-sol e luas são os alvos mais óbvios. Mas, por mais que o botão de fotografar com o indicador direito e o flash especial sejam legais, eles ainda parecem pouco para um acessório que custa basicamente o preço de outro celular.

Já o projetor é mais interessante: além de ter sua própria bateria e ser extremamente fácil de se usar, é muito útil. Ele basicamente transforma seu celular em uma TV. Qualquer superfície lisa pode virar uma tela de até 70 polegadas sem perda de resolução, e, mesmo que esteja um pouco torto, ele se configura automaticamente para transmitir na parede. O preço de R$ 700 faz mais sentido para ele: comprar uma SmartTV, ou uma TV com Chromecast, por exemplo, sai bem mais caro.

Esses preços são para o caso de você comprar os Snaps num pacote junto com o celular. E nesse caso o único que dá para recomendar diretamente é a bateria: além de estar entre os mais baratos, ele é útil para uma diversidade maior de casos. Por outro lado, é possível comprar uma bateria externa de capacidade bem maior pelo mesmo preço.

Os outros, por mais que sejam interessantes, acabam sendo um investimento grande demais para compensar. O projetor até vale a pena no caso específico de você querer comprar um celular e uma TV dedicada a Netflix e YouTube ao mesmo tempo – um caso bem específico. E a Lenovo ainda não está vendendo os Snaps separadamente no site da Motorola, mas, se os preços forem semelhantes aos dos do ano passado (quando o Snap de câmera custava cerca de R$ 1.500), será completamente inviável comprá-los separadamente. Dessa forma, os Snaps acabam sendo mais uma ideia genial do que um produto genial. Depende só de a Lenovo conseguir trazê-los a um preço mais acessível para concretizar esse potencial.

Conclusão

Com tudo isso, é preciso voltar ao começo do texto para entender a genialidade do Moto Z2 Play. Ele é um celular muito bom, mas não há dúvida de que ele não é o melhor do mercado. Acontece que você dificilmente vai conseguir comprar um celular melhor que ele sem gastar muito, mas muito mais. O Galaxy S8 e o LG G6 são melhores que ele? Sim. Mas os dois custam, literalmente, o dobro do preço. Se você quiser um iPhone, tem que desembolsar pelo menos uns R$ 500 a mais para comprar um iPhone SE, com tela de 4 polegadas, e, se quiser um melhor, são pelo menos R$ 1.000 a mais.

Dessa maneira, fica muito difícil competir com o Moto Z2 Play em termos de custo-benefício. Por R$ 2.000 (e esse é o preço sugerido, é possível achá-lo mais barato em promoções), você compra um celular com tela e câmeras acima da média, performance confiável e durável, memória expansível e excelente bateria. E, por causa dos Snaps, é possível que ele ainda venha a se tornar capaz de ainda mais coisas no futuro.

Claro, R$ 2.000 ainda é um valor bem elevado no atual cenário econômico brasileiro. E como o próprio Moto Z Play do ano passado continua sendo um bom dispositivo, ele pode ser uma escolha melhor para quem quer ficar na Lenovo pagando um pouco mais barato – o Moto G5 Plus também entra aqui. Nas outras marcas, o Zenfone 3 e o Galaxy A7 são as principais alternativas para quem estiver pensando em gastar um pouco menos. Mas, se você tem R$ 2.000 para gastar em um celular – e nem um centavo a mais -, dificilmente pode gastar melhor esse dinheiro.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital