A Tesla mudou a política de devoluções depois que seu CEO, Elon Musk, tuitou declarações contraditórias sobre o assunto. Os compradores podem devolver um carro em até sete dias (ou antes de mil milhas) para obter reembolso total — independentemente de terem ou não feito test drive com a empresa, ao contrário do que informava o site da marca.
A alegação de Musk colidiu com a então política de devolução oficial da Tesla, que afirmava que o reembolso total de sete dias se aplicava apenas a quem “não testou o carro”. A empresa disse ao The Verge, ontem (27), que a mudança já estava em andamento, mas houve um atraso na atualização das informações. Em seguida, a nova política de devolução foi publicada oficialmente pela Tesla.
A companhia havia atualizado a política de devolução em 28 de fevereiro, como parte dos esforços para fechar lojas físicas e mudar para um modelo de vendas online. Antes disso, o período de devolução padrão da fabricante era de “um (1) dia após a entrega” para quem fez test drive ou “três (3) dias corridos após a entrega” para aqueles que não o fizeram.
A marca acabou com os test drives quando anunciou o modelo de vendas exclusivamente online. Depois disso, quatro dias foram acrescidos ao segundo cenário possível de retorno do produto. “Entendemos que o cliente pode querer mais tempo para conhecer o veículo”, diz a Tesla no site.
Algum tempo depois da mudança de 28 de fevereiro — a fabricante não diz especificamente quando —, a Tesla decidiu permitir retornos de sete dias (ou mil milhas), independentemente de os clientes terem feito ou não o test drive.
Informações desencontradas
Essa não foi a primeira vez que Musk tuitou informações desencontradas. Em 16 de março, ele disse: “Para ser claro, as encomendas são totalmente reembolsáveis, mesmo depois de você ter seu Tesla por uma semana”. Mais tarde no mesmo dia, ele acrescentou: “Se alguém realmente quiser devolver o carro de boa-fé no dia 8, tudo bem”.
O primeiro tuíte é ambíguo. O segundo está correto, segundo um porta-voz da Tesla, e a nova política de devoluções agora permite que “circunstâncias atenuantes” sejam “avaliadas caso a caso”. O fato é que os ocorridos ressaltam a tensão que envolve a empresa e o modo como Musk usa o Twitter.
O executivo é conhecido por responder a feedbacks de clientes e usar de forma bastante liberal a rede social. Isso já colocou a empresa em apuros. Em agosto passado, por exemplo, o CEO tuitou que “considerava tornar a Tesla privada” se as ações da empresa chegassem a US$ 420 por unidade e que tinha “financiamento garantido” para fazê-lo. Ele abandonou a ideia três semanas depois.
Segundo a Securities and Exchange Commission (SEC), isso constitui fraude de valores mobiliários, já que o preço das ações da Tesla subiu no noticiário. Além disso, o tuíte não foi acompanhado pelo aviso exigido pela Nasdaq. A SEC descobriu, ainda, que Musk não tinha acordo algum quando fez o anúncio e, em setembro, fez acusações de fraude de valores mobiliários contra ele.
Musk concordou em renunciar ao cargo de presidente do conselho da Tesla, pagar uma multa de US$ 20 milhões e ter todas as declarações públicas (incluindo os tuítes) que pudessem afetar o preço das ações da empresa verificadas por um advogado. No entanto, ao que parece, ele não seguiu parte do compromisso. Por isso, a SEC recentemente tentou levá-lo a ao tribunal por violar o acordo.