Tecnologias ruins: conceitos que falharam de alguma forma

Algumas tecnologias acabam não sendo capazes de atingir seus objetivos ou, pior, trazem resultados perversos consigo. Veja exemplos a seguir
Roseli Andrion10/04/2019 21h30, atualizada em 10/04/2019 23h00

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A evolução tecnológica é inevitável. Nem sempre, porém, as novas tecnologias são de fato boas para a sociedade. Essa noção pode, entretanto, ser um pouco controversa, mas, basicamente, um conceito ruim é aquele que não alcança os objetivos a que se propõe — ou, pior ainda, acaba por atingir propósitos um pouco perversos.

E isso tem pouco a ver com a utilidade da tecnologia em si. Apresentamos, a seguir, alguns dos conceitos criados para resolver problemas ou facilitar a vida do cidadão comum que acabaram por se tornar pouco práticos ou até por trazer novas dificuldades — ou mesmo questionamentos éticos. Veja a seguir!

Transportes

Um dos inventos mais usados pela sociedade moderna é o carro. Apesar disso, é justamente graças a eles que cerca de 1,25 milhão de pessoas morrem todos os anos no trânsito nos quatro cantos do mundo — isso sem contar as outras 20 milhões a 50 milhões que ficam feridas ou deficientes.

Esses números — em conjunto com os que demonstram como o tráfego nas cidades tem se tornado nocivo — têm levado ao desenvolvimento de diferentes alternativas ao automóvel. Uma das primeiras tentativas nesse sentido foi o Segway. Quando foi criado por Dean Kamen, a ideia era que ele revolucionasse os meios de transporte. No Brasil, porém, ele virou apenas um acessório para seguranças de shopping centers.

Vieram, então, os hoverboards — mas a febre só durou até suas baterias começarem a explodir. Agora, parece que estamos na era dos patinetes elétricos. Ou seja, foi preciso passar por duas diferentes tecnologias (o segway e os hoverboards) até chegar a uma que realmente parece adequada às necessidades das grandes cidades. Mesmo assim, os dispositivos ainda precisam de ajustes: equipamentos da Xiaomi foram hackeados e, controlados a distância, causaram acidentes significativos.

Criptomoedas

A ideia por trás da bitcoin — e de todas as opções genéricas que se seguiram a ela — é bastante elaborada, especialmente pelo uso do blockchain. Apesar disso, ainda não foi usada de forma realmente satisfatória. O que se vê, por enquanto, são especuladores financeiros que usam a criptomoeda para ficar muito ricos enquanto outros apenas perdem dinheiro nesse cenário. Ainda assim, o blockchain tem potencial para muito mais e nas mais diversas áreas.

Manipulação de dados

Um dos grandes orgulhos nacionais — e até exportado para muitos países — é a urna eletrônica. Ela facilitou de forma incontestável a apuração nas eleições desde que foi criada: em outubro de 2018, por exemplo, soubemos os resultados oficiais em pouco mais de duas horas após o fim da eleição pelo horário de Brasília. Há, entretanto, uma preocupação constante com a segurança da informação e a possibilidade de invasão nesses sistemas.

O tráfico de dados, por sua vez, é outra inquietação comum nos tempos atuais. O compartilhamento de informações pessoais sem consentimento ou controle tem fomentado um debate cada vez mais intenso. No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPDP), que entra em vigor no ano que vem, é uma tentativa de tornar essas minúcias mais palpáveis e impedir o uso indiscriminado desses dados.

Realidade aumentada

As aplicações da realidade aumentada são inúmeras, mas aparentemente ainda não se conseguiu torná-la de fato próxima da necessidade do usuário. Pegue, por exemplo, o Google Glass. Em vez de popularizar o conceito, ele o tornou elitista: o produto era caro e havia uma fila para comprá-lo. Apesar disso, a tecnologia em si se prova cada vez mais útil e já ganhou a adesão de muitos entusiastas — o próprio Google a incorporou recentemente ao seu Maps e o tornou bem mais funcional.

Edição de genes

A interferência nas características humanas a partir dos genes é, eticamente, pouco recomendável. Mesmo assim, esse parece ser um desejo incontido de cientistas já há algumas décadas. O mais recente avanço nesse sentido foi a invenção da técnica Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats – CRISPR). A partir dela, os DNAs de alguns embriões foram editados, em 2018, e acredita-se que os bebês nascidos do experimento são imunes ao vírus HIV. Há esperanças de que esse tipo de intervenção possa curar diferentes doenças no futuro, mas, atualmente, ainda não se sabe se é seguro aplicá-lo em humanos.

Cigarros

Os cigarros são uma invenção extremamente nociva, mas seus genéricos eletrônicos não ficam atrás. Se seu grande problema é o fato de viciar o fumante em nicotina, um cigarro eletrônico não é nada melhor que ele, já que oferece a mesma coisa. Na verdade, ele pode ser até pior: como não há campanhas de combate ao cigarro eletrônico como há ao comum, muita gente pode se apegar a ele para manter seu vício intocado.

Hora do café

Os fãs de café estão por toda parte. No mundo inteiro, é possível encontrar amantes da bebida. Foi fácil, então, chegar a uma solução para agradá-los: ela veio em forma de máquinas automáticas e cápsulas plásticas que permitem preparar a bebida em alguns segundos sem muita dificuldade. O problema é o que isso significa em termos de lixo e poluição. A maioria das fabricantes já faz cápsulas completamente recicláveis, mas ainda é necessário educar os usuários para que atuem no sentido de facilitar esse processo. Ah, e eu não sei você, mas eu acho o café de máquina pouco fiel ao verdadeiro cafezinho nosso de cada dia.

Colaboração para o Olhar Digital

Roseli Andrion é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital