No começo de novembro, a Sony trouxe ao Brasil o Xperia Z5, um dos seus smartphones mais potentes. O único dispositivo da empresa que tem qualquer vantagem sobre ele é seu “irmão maior”, o Z5 Premium, também conhecido como o primeiro smartphone do mundo a ter uma tela com resolução 4K.

Ainda assim, o Z5 é o top de linha da Sony, e sua etiqueta é coerente com esse status: fora de planos de operadoras, o aparelho custa R$ 4300 – um valor suficiente para comprar um notebook muito bem equipado.

Por esse preço, o smartphone da Sony compete com alguns dos melhores aparelhos que esse mercado tem a oferecer, como o Galaxy S6 Edge+, o Galaxy Note 5 e o iPhone 6S. Mas será que ele tem força suficiente para encarar essa concorrência tão pesada? Confira o que achamos a seguir:

Design
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Embora não possua nenhum detalhe interessante como a tela curva do Galaxy S6 Edge, o Z5 é um aparelho bem bonito. De longe, ele traz o mesmo estilo icônico dos aparelhos da Sony. Ele é um retângulo monolítico e imponente, com as bordas suavemente arredondadas e uma cor sólida marcante, que lhes dão uma aparência bem respeitável. A superfície do dispositivo é incrivelmente lisa, a ponto de ele parecer feito de um material de outro planeta.

Mas por mais legal que isso seja de se ver, o aparelho chega a ser liso demais para o próprio bem: basta uma pequena falta de atenção para que ele escorregue da mão ao ser retirado do bolso ou da bolsa, ou mesmo enquanto o usuário digita. Além de ser resistente a água, ele parece ser firme o suficiente para aguentar uns belos tombos, mas mesmo assim, bem que a Sony podia ter tomado algum cuidado para tornar o smartphone um pouco menos “derrubável”.

De perto, o Z5 tem uns detalhes bem legais. O botão de ligar e desligar a tela, por exemplo, é um pouco diferente dos outros da Sony: em vez de ser uma bolinha dura, ele é um botão mais comprido e fácil de se apertar, o que torna mais fácil manusear o aparelho. O conector microUSB dele também tem um encaixe bastante firme e confiável, e ele tambem tem, no canto inferior esquerdo, um botão que permite acessar a câmera rapidamente.

Display

A tela de 5,2 polegadas do dispositivo também faz bonito. Com resolução Full HD, ela consegue reproduzir vídeos com uma qualidade muito boa e com cores bonitas, mesmo quando o nível de iluminação dela está relativamente baixo. Com o nível máximo de iluminação, as cores chegam até mesmo a ficar um pouco saturadas demais – o que está longe de ser um problema, já que dá pra regular. No geral, a experiência de assistir a filmes e séries nela é bem agradável.

Uma decisão de design curiosa por parte da Sony, por outro lado, foi não ter dado ao Z5 uma tela com resolução 2K. Considerando-se que o Z5 Premium possui uma tela 4K, e levando em conta ainda a resolução 2K presente em outros smartphones nessa faixa de preço (e mesmo em faixas menores), uma tela “apenas” com resolução Full HD parece um pouco estranho. 

Câmera

Com 23 megapíxels, a câmera traseira do Z5 produz exatamente as imagens ricas e detalhadas que se poderia esperar dela em condições normais de iluminação. Com relação ao software, ela oferece um modo manual que permite ajustar as configurações de exposição e temperatura de cor rapidamente. Mas o automático dela, no geral, funciona bem.

Nas situações de pouca luminosidade, que são a prova de fogo das câmeras de smartphones, a câmera traseira derrapa um pouco. Com uma abertura de f/2.3, seu sensor recebe um pouco menos de luz do que seria ideal, o que resulta em imagens um pouco escuras ou borradas (pelo tempo de exposição ser maior). O flash dá conta de resolver algumas dessas situações, mas não permite que você consiga tirar aquelas fotos “impossíveis”: fotografar um show num lugar fechado e escuro, por exemplo, seria complicado com qualquer câmera, e com essa não é muito diferente.

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A câmera de selfie, de 5MP, encara o mesmo desafio em ambientes escuros. Ela possui, no entanto, um software capaz de iluminar artificialmente cenas muito escuras, o que dá um resultado mais claro, embora bastante artificial (como na imagem abaixo). Sem ele, as imagens ficam bem granuladas e distorcidas, o que pode até ser estiloso – mas deixa a desejar em termos de fidelidade.

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As duas câmeras, no geral, são ótimas para o uso cotidiano. Falta a elas, no entanto, um diferencial que dê realmente a sensação de câmera de top de linha – como as Live Photos do iPhone 6S, por exemplo. Ela pode fazer com que todas as fotos que você tira no dia-a-dia fique muito bonitas. Mas se você busca algo a mais na câmera (e se você paga R$ 4 mil em um smartphone, você provavelmente busca), o Z5 deixa um pouco a desejar.

Performance

Aqui, por outro lado, o Z5 não deixa nada a desejar em comparação com outros dispositivos. Seu processador Snapdragon 810 octa-core 64-bits de 1,8GHz acompanhado de 3GB de RAM fazem com que praticamente todas as operações do smartphone ocorram de forma quase instantânea, e o aparelho vire praticamente uma extensão do seu cérebro.

É mais fácil notar performance ruim do que performance boa. Quando o celular demora para fazer o que você pede, você percebe; quando ele faz tudo rapidinho, nem dá tempo de perceber. O Z5, porém, é tão rápido que a rapidez dele se torna perceptível. A alta pontuação dele nos benchmarks condiz perfeitamente com essa impressão:

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Se há uma única reclamação que possa ser feita quanto à performance do dispositivo, é que, após tirar uma foto, o aparelho demora um pouquinho mais que o ideal para abrir a galeria e mostrar o resultado. Trocar de volta para a câmera depois de ver a foto também é um pouco mais lento do que seria o ideal. Isso afora, o smartphone é incrivelmente rápido.

Outro ponto que vale destaque é que, além dos 32GB de armazenamento interno, o Z5 tambem possui slot para carão microSD de até 200GB. É ótimo ver que a Sony se preocupou em dar esse conforto para seus clientes numa época em que muitas empresas parecem querer forçar os usuários de seus dispositivos a pagar por serviços de armazenamento na nuvem.

Bateria

Nos dias que eu passei com o Z5, tirei ele da tomara no começo da manhã e só coloquei para carregar novamente no final da noite. Com um uso entre moderado e intenso – que inclui mensagens instantâneas, redes sociais e navegação na internet – o aparelho chegava ao fim do dia com entre 30% e 20% de bateria restante.

O resultado é bom, pois mostra que o dispositivo aguenta o ritmo de um usuário padrão, e deve continuar assim pelos primeiros meses de uso. Por outro lado, esse desempenho também não impressiona. E, tratando-se de um aparelho de R$ 4 mil, a perspectiva de precisar levar um carregador portátil com ele quando a bateria começar a perder vida útil é meio desanimadora.

Uma coisa notável, por outro lado, é que o aparelho consegue economizar bastante energia quando está com a tela desligada. Tive a impressão que, enquanto eu não o estava usando, ele simplesmente não gastava energia (o que evidentemente não era verdade, uma vez que, quando eu ativava novamente a tela, as notificações estavam todas lá). Então se você se vir numa situação em que precisa economizar energia para depois, o smartphone consegue fazer isso.

Conclusão

Não há dúvida de que o Xperia Z5 da Sony seja um aparelho extremamente potente e capaz. Ele executa todas as tarefas que você pode esperar de um smartphone com agilidade e competência, e ainda chega ao fim do dia com bateria. Além disso, tem um design bonito e uma aparência resistente, e é à prova de água.

O grande problema do Z5, porém, é o preço. Custando R$ 4 mil, ele se coloca ao lado de dispositivos de ponta como a linha dos Galaxy S6, o Galaxy Note 5 e os iPhones mais recentes. E, comparado a esses dispositivos, ele deixa a desejar. Os S6 Edge têm seu design característico e funcionalidades derivadas dele; os iPhones 6S têm algumas das melhores câmeras do mundo dos smartphones, as Live Photos e a funcionalidade 3D Touch. O Z5, por sua vez, não tem nada parecido.

Isso está longe de significar que o aparelho é ruim. Pelo contrário: considerando o que a maioria dos usuários de smartphone espera de seus aparelhos, ele não deixa nada a desejar. O público que está disposto a pagar R$ 4 mil por um celular, por outro lado, provavelmente busca um diferencial que torne seu dispositivo imediatamente diferente dos demais. E, nessa frente, o Z5 simplesmente não entrega.