O Spotify segue em sua própria guerra contra a Apple e agora começou a notificar desenvolvedores de que não mais poderão criar serviços de transferência de playlists do streaming de músicas para o seu concorrente, o Apple Music.
A companhia ainda não se manifestou publicamente, mas aplicações como o SongShift, que presta justamente este tipo de serviço, diz que foi abordado por representantes do Spotify, que pediram que tal atividade fosse terminantemente paralisada.
“O time de desenvolvimento de plataforma do Spotify nos procurou e nos informou de que precisaríamos remover a transferência [de playlists] de seu serviço para um concorrente, ou então teríamos nosso acesso à sua API revogado sob acusação de violar os Termos de Uso [da plataforma]”, disse a equipe do SongShift, em uma postagem em seu blog oficial.
Embora disponível no iPhone, Spotify não está nos melhores termos com a Apple. Imagem: Fixelgraphy (Unsplash)/Reprodução
A acusação de violação de termos de uso não seria sem mérito, já que, desde 2018, uma regra no documento disponibilizado pelo Spotify expressa claramente: “Não faça transferência de conteúdos do Spotify…para outro serviço de música que concorra com o Spotify ou os serviços do Spotify”. Entretanto, tal regra nunca foi reforçada pela empresa sueca desde a sua criação.
“Ainda que estas não sejam as notícias que desejávamos ouvir, nós respeitamos a sua decisão”, continuou o SongShift. “A partir da próxima versão, SongShift v5.1.2, as transferências do Spotify vão acabar. Esse update é doloroso para nós disponibilizarmos a vocês todos. Nós esperamos continuar ajudando vocês com todas as suas outras necessidades de transferência de músicas”.
Outros serviços similares também parecem ter sido abordados pelo Spotify: uma busca no Google nos levou a um comunicado similar assinado pelo TuneMyMusic – o serviço oferece uma função similar à do SongShift -, entretanto, o comunicado não pôde ser encontrado no site oficial desta plataforma. Por outro lado, pelo Twitter, a plataforma FreeYourMusic disse estar ciente da medida tomada pelo Spotify, porém seguirá oferecendo transferências do serviço para qualquer outra plataforma, pois ele não faz uso da API da empresa sueca.
Apple e Epic Games, dona de Fortnite, estão em guerra devido às práticas taxativas empregadas pela empresa de Cupertino. Imagem: AdrianoSiker/Shutterstock
Guerra sonora
A animosidade entre Apple e Spotify já é relativamente antiga: apesar de disponibilizar o seu aplicativo de streaming musical na loja AppStore, a empresa sueca sempre foi crítica do modelo financeiro da companhia chefiada por Tim Cook. Uma das suas reclamações mais veementes tomou novas formas recentemente: o Spotify alega que a Apple “ameaça as nossas liberdades coletivas de criar, ouvir e conectar”.
Isso porque a Apple cobra dos desenvolvedores de aplicativos uma taxa de 30% em cima da receita gerada por qualquer software hospedado dentro da AppStore. Ou seja, do valor que você paga em uma assinatura premium do Spotify, das duas, uma: ou a empresa sueca subsidia essa perda de 30% do próprio bolso, ou repassa esse custo ao consumidor, aumentando o valor de sua assinatura.
É uma situação similar ao que passa a publisher do game “Fortnite”, a Epic Games, que foi banida da AppStore em agosto após criar uma via alternativa de pagamento, contornando a taxa da Apple. Aliás, Spotify e Epic, junto de outras empresas, se uniram na criação de uma espécie de coalizão de combate à prática financeira da Apple.
Vale citar que a Play Store, do Google, também cobra os mesmos valores de taxa. Entretanto, para usuários do Android, é possível oferecer o acesso ao “.apk” (extensão pela qual se reconhece um instalador de app no sistema operacional do Google) sem que ele esteja hospedado na loja.
Fonte: Apple Insider