Sob ameaça de greve, Amazon anuncia pagamento bônus para funcionários

Colaboradores que estão na linha de frente da empresa nos EUA - e mais vulneráveis a contrair a Covid-19 - receberão US$ 300 a mais neste fim de ano
Renato Mota27/11/2020 19h01, atualizada em 27/11/2020 19h11

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A Amazon prometeu um bônus US$ 300 para seus funcionários da linha de frente – aqueles que correm maior risco de contrair a Covid-19, neste fim de ano. Em nota oficial, o vice-presidente de Operações da empresa, Dave Clark, afirma que o gesto é em agradecimento às equipes “que continuam a desempenhar um papel vital servindo suas comunidades”.

Porém, a remuneração extra vem num momento de tensão na Amazon. O movimento #MakeAmazonPay anunciou uma série de protestos por parte dos funcionários da empresa em vários países. A ação ocorre nesta sexta-feira (27), em plena Black Friday, dia que abre a alta temporada de vendas não só no e-commerce, mas também em outras áreas do comércio mundial.

Ao todo, a Amazon irá destinar US$ 500 milhões em bônus aos funcionários. “Combinado com outros incentivos, somente neste trimestre estamos investindo mais de US$ 750 milhões em pagamento adicional para nossa força de trabalho horária da linha de frente, além de nosso salário-mínimo nacional de US$ 15 [por hora]”, explica Clark. De acordo com o executivo, a empresa já teria gastado mais de US$ 2,5 bilhões em bônus em 2020.

Por outro lado, de acordo com o #MakeAmazonPay, profissionais de toda a cadeia de abastecimento da companhia vão parar no Brasil, México, Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, França, Bélgica, Luxemburgo, Itália, Polônia, Índia, Bangladesh, Filipinas, Austrália, e Alemanha, sendo que neste último caso, mais de três mil trabalhadores deverão participar do ato.

Entre as reivindicações estão o “aumento dos salários dos trabalhadores em todos os depósitos da Amazon, incluindo pagamento de bônus durante os períodos de pico e pagamento de periculosidade durante a pandemia; reintegrar todos os trabalhadores que foram demitidos após falarem sobre saúde e segurança no trabalho; dar aos sindicatos acesso aos locais de trabalho da Amazon para falar com os trabalhadores; compromisso com emissões zero até 2030; acabar com a venda de dispositivos que dependem de práticas de vigilância em massa, como Amazon Ring; e o pagamento integral dos impostos onde ocorre a atividade econômica”.

Amazon/Divulgação

Desde o início da pandemia de Covid-19, os funcionários da Amazon estão tendo que seguir novas normas de segurança. Imagem: Amazon/Divulgação

A empresa é notoriamente hostil a organizações de sindicatos e protestos que possam vir de seus funcionários. Em setembro, a plataforma Amazon Jobs divulgou duas vagas de emprego para analistas de “ameaças de organizações trabalhistas”. “Observar ameaças de organizações trabalhistas contra a empresa”, essa era uma das responsabilidades descritas para as vagas de Analista de Inteligência e Analista de Inteligência sênior.

“Esta é uma série de afirmações enganosas de grupos mal informados ou com interesses próprios que estão usando o perfil da Amazon para promover suas causas individuais”, afirmou a empresa em um comunicado sobre os protestos. Apesar da pandemia, a Amazon viu seu lucro triplicar no terceiro trimestre.

A empresa contratou centenas de milhares de novos trabalhadores para lidar com o aumento na demanda do consumidor e acrescentou dezenas de novas medidas de segurança, incluindo um regime de testes, máscaras e limpezas mais rigorosas. No mês passado, de acordo com a própria Amazon, 20 mil de seus trabalhadores norte-americanos contraíram  a Covid-19.

Via: CNET

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital