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Ontem a bomba atômica,
hoje a bomba informacional, amanhã a bomba genética?

Paul Virilio (Teórico cultural, filósofo francês, 1932 -)

Em 2008, Apple e Google lançaram suas lojas de aplicativos. Menos de uma década depois, a Apple Store conta com 2,2 milhões de aplicativos móveis e a Google Play está com 2,8 milhões. Aos poucos, tudo está sendo digitalizado, transformado em “app” para smartphone. Visualização de tráfego aéreo (Flightradar24), bancos (Original), consultas médicas (Docway) e a lista não tem fim. Estamos mais e mais dependentes de nossos smartphones porque eles absorvem tudo, como uma esponja, basta substituir água por bits. A metáfora faz sentido porque não vivemos sem água assim como muita gente já não vive sem seu smartphone.   

Em todo lugar

Em 2016, 2.1 bilhões de pessoas estavam com um smartphone na mão, sendo que em 2020 serão 3 bilhões. No Brasil, pesquisa da FGV previu que em 2018, 236 milhões de brasileiros estarão usando smartphones. Não é preciso olhar para os números, basta andar na Av. Paulista por exemplo. Se você não estiver olhando pra tela de seu smartphone irá parecer um alienígena. O novo jeito de andar, com a cervical inclinada para baixo, olhar fixo na tela do smartphone já foi tema de centenas de artigos, em geral este novo espécime é chamado de  “zumbi da nova era digital”.

O não lugar

Estar imerso em um aplicativo nos desloca  “mentalmente”. Nosso corpo está ali, na fila do metrô, sentado na cadeira do restaurante, mas de fato não estamos. Para o sociólogo britânico Anthony Giddens, o que está ocorrendo é o “esvaziamento do espaço”. Este nosso lugar de convivência social, o ambiente físico que nos cerca, está deslocado no espaço. Quantas atividades fazemos hoje usando nossos smartphones que independem de localidade? Este deslocamento nos leva para o espaço de interação do aplicativo, genericamente um ambiente virtual, uma construção de software. As tecnologias do virtual são especializadas em potencializar estes espaços cibernéticos causando uma atração irresistível, daí porque facilmente nos viciamos e cada vez mais habitamos o não lugar. Afinal, onde você está agora?

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