Nos últimos anos, muito tem se falado sobre a tecnologia 5G, a quinta geração da rede de dados móveis. As pessoas se perguntam que evolução ela trará, sobre sua altíssima velocidade de conexão (até 40 vezes mais rápida que o atual 4G, segundo os primeiros testes), latência ultrabaixa (o que significa um tempo menor de resposta e menor lentidão no uso de funções que usam a conexão à internet de forma intensa), confiabilidade (item essencial para aplicações como a indústria) e, consequentemente, maior mobilidade para os usuários de smartphone.
E por que essas questões são tão importantes? Porque com o 5G, também devem ganhar fôlego tecnologias como a Internet das Coisas (ao oferecer a velocidade de conexão necessária para conectar equipamentos como carros autônomos, casas inteligentes e dispositivos vestíveis), Realidade Aumentada, transmissão de vídeo em alta velocidade e o uso da computação na nuvem, seja para o trabalho ou diversão. Na área automotiva, por exemplo, essa conexão já está sendo utilizada em testes com veículos que dispensam o motorista. E em abril deste ano, a Telefónica usou uma rede 5G para conectar à distância um micro-ônibus autônomo. Nos Estados Unidos, as grandes operadoras já devem disponibilizar redes que suportam esse padrão até o final deste ano, mas com foco inicial no uso em modems e roteadores (ainda não será o 5G nos celulares), fato que deve acontecer também em países como Coreia e Japão.
Recentemente a 3GPP, que é a entidade responsável pela padronização de tecnologias de redes móveis, depois de quase três anos de debates e ajustes, definiu o padrão para as chamadas redes 5G de alta vazão, o que facilita a vida de fabricantes de smartphones e operadoras e abre caminho para a ampla adoção no mundo dos celulares.
Para os usuários de smartphones, essas novidades representam uma ótima notícia. Com melhor qualidade para chamadas de vídeo e mesmo para streaming, suporte adequado para Realidade Aumentada e conexões com a nuvem computacional quase que instantâneas, tanto os fabricantes de aparelhos quanto os criadores de aplicativos desenvolverão smartphones, apps e serviços ainda mais inovadores, que usarão o potencial nova infraestrutura oferecida.
E como será o ritmo de disponibilidade e adoção desses aparelhos no mundo e particularmente na América Latina e no Brasil (região que costuma receber os avanços tecnológicos com atraso)? Segundo um estudo da consultoria Counterpoint, os primeiros smartphones 5G devem ao chegar ao mercado no segundo semestre de 2019, com uma pequena participação nas vendas. A estimativa da consultoria é de que no seu primeiro ano de oferta deverão ser comercializados mundialmente apenas 8,6 milhões de aparelhos com essa tecnologia (o que representa menos de 1% das vendas). Mas já em 2021 haverá um forte crescimento, com um volume de 108 milhões de aparelhos vendidos.
Esse baixo ritmo de adoção inicial se deverá a fatores limitantes como a falta de estrutura de conexão implementada (da mesma forma como aconteceu nos primeiros momentos dos smartphones para redes 4G, a baixa oferta de redes 5G inibe a compra de aparelhos com essa tecnologia). Na primeira etapa de adoção, apenas alguns países terão a infraestrutura 5G implementada, com destaque para Estados Unidos, Coreia do Sul, China e Japão.
Também haverá a questão dos preços dos aparelhos, que podem ser até US$ 100 mais caros que os modelos atuais. Segundo a Counterpoint, a maior parte dos telefones com essa tecnologia deve estar restrita inicialmente aos aparelhos topo de linha, que já são naturalmente mais caros. Mas também há esforços para que essa adoção seja mais rápida. A MediaTek, por exemplo, tem investido no 5G e pretende democratizar o acesso a essa tecnologia com a oferta de chips para smartphones acessíveis já no primeiro momento da oferta dos telefones com 5G, o que permitirá que a nova tecnologia esteja disponível também em modelos do chamado segmento intermediário de smartphones (fatia do mercado que mais cresce, por exemplo, em países como o Brasil).
Na América Latina, o ritmo de adoção será mais lento, com os primeiros aparelhos lançados na região só em 2020. Nesse período, a previsão é que cerca de 500 mil unidades sejam colocadas no mercado. Mas, acompanhando o cenário mundial, em 2021 o número deve subir para 2,8 milhões de smartphones 5G no mercado latino-americano.
Vale lembrar que os aparelhos atuais não serão compatíveis com o novo padrão. Com isso, quem quiser tirar proveito dessa conexão mais rápida terá que adquirir um novo celular. Por conta disso, com a chegada dos modelos 5G, veremos um crescimento na venda de smarpthones. Porém, segundo dados da consultoria ABI Research, o 5G só deverá se tornar o padrão de conectividade para a maioria dos smartphones em 2025.
Para um país como o Brasil, que tem mais de um smartphone por habitante (com mais de 220 milhões de aparelhos ativos no País, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas) a chegada de uma tecnologia como o 5G deverá ser muito bem recebida pelos usuários, pois tornará nossa experiência de uso ainda mais produtiva e divertida. Ao que tudo indica, vai valer a pena a longa espera…