A Coreia do Norte é certamente uma das nações mais isoladas do mundo, onde as pessoas têm sua liberdade limitada pelo regime ditatorial que já dura mais de 60 anos. Dois pesquisadores de segurança em TI da Alemanha tiveram acesso ao RedStar OS, sistema operacional usado pelos PCs norte-coreanos, e revelaram alguns de seus recursos de monitoramento.

O RedStar OS tem como base o Fedora 11, uma das distribuições do sistema Linux lançada em 2009, e usa um kernel de 2011. Segundo os pesquisadores, a interface parece tentar imitar o OSX, da Apple, mas muitos dos programas mais básicos incluídos com o sistema – como um pacote de produtividade semelhante ao Office – lembram imediatamente o Windows. Naturalmente, sistemas estrangeiros não são bem-vindos no país.

Uma das principais ferramentas de monitoramento usada pelo RedStar é uma espécie de “marca d’água” inserida em dispositivos de armazenamento. Toda vez que um pendrive ou HD externo é conectado a um PC com o sistema, o número de série desse disco rígido é arquivado pelos servidores remotamente. O objetivo seria “monitorar quem de fato detém aqueles arquivos, quem o criou e quem o abriu”, explica Niklaus Schiess, um dos autores da pesquisa, ao site Motherboard.

Além disso, o firewall do sistema atua também como um espião interno. O software vigia cada alteração feita pelo usuário, de modo que, se alguma mudança comprometer a criptografia ou as restrições impostas pelo governo, o RedStar OS inicia um processo de reinicialização, formatando a máquina em que estiver instalada. Por vezes, esse recurso gera um bug que acaba prendendo o sistema a um “looping de reinicialização”, que o torna inutilizável.

Além disso, o navegador que vem como padrão no RedStar é extremamente limitado em termos de alcance na rede. O software só abre páginas hospedadas em servidores norte-coreanos e, se estiver em uma conexão estrangeira, nem mesmo esses sites podem ser acessados. De acordo com arquivos internos do sistema, o RedStar é obra de uma equipe de dez desenvolvedores.