Um sistema de inteligência artificial desenvolvido pela empresa Corti começou recentemente a ser empregado pelos serviços de emergência na Dinamarca para ajudar a identificar problemas cardíacos pelo telefone. Com base em sinais que vão desde as palavras usadas pela pessoa até o som de sua respiração, o sistema consegue perceber quando a pessoa que ligou está relatando um ataque cardíaco.

Segundo o MIT Tech Review, o sistema detecta sons como respirações irregulares e o tom de voz da pessoa que ligou para decidir se a emergência é um problema cardíaco. O sistema consegue perceber isso mesmo que a pessoa que ligou não seja a pessoa que está sofrendo o problema, com base nesses sinais não verbais.

E a precisão da máquina é ainda maior que a dos emergencistas humanos. Enquanto os atendentes do serviço de emergência dinamarquês conseguiam identificar um problema cardíaco com precisão em 73% dos casos, o sistema da Corti teve uma precisão de 95%. Nesses casos, o sistema alerta o emergencista para que ele oriente a pessoa que ligou a iniciar o tratamento do problema antes mesmo de que a ambulância chegue. O vídeo abaixo mostra como o sistema funciona:

Enquanto ainda há tempo

Quando alguém sofre uma parada cardíaca fora do hospital, o tempo é extremamente crítico: de acordo com o site Fast Company, as chances de sobrevivência do paciente caem cerca de 10% a cada minuto que ela fica sem tratamento. Por isso, identificar esse problema assim que alguém liga para a emergência pode fazer toda a diferença.

O sistema oferece um auxílio importante nesse sentido: segundo o Engadget, ele já chegou a perceber um problema cardíaco mesmo quando o atendente da emergência não o detectou. No caso em questão, a ligação falava de um homem que havia caído do telhado e, supostamente, quebrado a coluna. No entanto, o sistema ouviu um som de respiração que ele identificou como o ruído de alguém tentando respirar após uma parada cardíaca.

Nesses casos, o sistema orienta o atendente a guiar a pessoa que liga para aplicar os primeiros passos de tratamento: verificar a consciência e respiração do paciente e, eventualmente, aplicar massagem cardíaca. No futuro, o Fast Company acredita que será possível enviar um drone equipado com desfibriladores portáteis para o local da emergência, ou chamar um voluntário treinado em massagem cardíaca para o local.

Melhor de dois mundos

De acordo com o CEO da empresa por trás da tecnologia, Andreas Cleve, o principal objetivo dela é auxiliar as pessoas em um momento que, muitas vezes, beira o pânico. “Essas pessoas estão passando possivelmente pelo pior dia de suas vidas, mas elas não têm ferramentas para lidar com isso”, diz.

Numa entrevista ao Fast Company, Cleve comentou que o objetivo do sistema não é substituir os atendentes dos serviços de emergência, mas auxiliá-los em seu trabalho. “Eu sempre preferiria contato humano, especialmente quando se trata da minha saúde. Mas com a ajuda de um sistema de suporte que esteja usando inteligência artificial – isso, para mim, é uma espécie de cenário perfeito”, considerou.

A Corti já está sendo usada pelos serviços de emergência da Dinamarca; em breve, a empresa deve publicar um estudo sobre a precisão dela com base em mais de 170 mil ligações das quais ela já participou. Ao longo dos próximos meses, a empresa holandesa responsável pela criação do sistema deve anunciar planos de utilizá-lo no serviço de emergências dos Estados Unidos.