Cientistas conseguem remover HIV de células infectadas com edição genética

Renato Santino22/03/2016 22h58, atualizada em 22/03/2016 23h00

20160322200214

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Cientistas da Universidade Temple, nos Estados Unidos, utilizaram uma ferramenta de edição genética e conseguiram remover o genoma do HIV-1 das células imunológicas de um paciente infectado com o vírus da AIDS.

Para o feito, os pesquisadores usaram a ferramenta CRIPSR/Cas9, que normalmente é vista como uma maneira de evitar doenças genéticas ou introduzir novos genes. No entanto, a pesquisa mostra uma nova forma de uso, que é remover o código genético de vírus como o HIV das células de seus hospedeiros, conforme o artigo publicado na revista Nature.

Para dar um pouco de contexto: retrovírus como o HIV injetam seu código genético nas células do hospedeiro, e, assim, elas se replicam. Os medicamentos retrovirais que existem hoje são bastante eficazes em controlar esta replicação, mas, assim que o paciente para de tomar o remédio, o vírus volta a se multiplicar rapidamente, atingindo o sistema imunológico.

Neste experimento, o geneticista Kamel Khalili e seus colegas extraíram as células T, que são os glóbulos brancos responsável pelo combate a agentes desconhecidos no corpo, de um paciente infectado. Em seguida, o CRISPR/Cas9 adaptado para atingir o DNA do HIV-1 fez seu trabalho. O RNA guia analisava o genoma da célula T procurando pelo material viral, e, assim que uma combinação era observada, uma enzima removia o material danoso. Então, o DNA da célula reparava o material removido com sucesso.

Nos testes, feitos em pequena escala, em uma Placa de Petri, removeu permanentemente o DNA viral da célula. Além disso, pelo fato de o sistema permanecer dentro da célula, novas infecções foram repelidas quando o vírus tentou retornar, partindo das outras células que ainda estavam infectadas.

Isso dá a entender que o método poderia ser usado como um possível tratamento da doença, mas isso ainda pode demorar vários anos. Os testes precisam feitos para determinar se a técnica pode ser tóxica para humanos, ou se há algum efeito colateral na edição genética.

Via Gizmodo e Nature

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital