A notícia da saída do Reino Unido da União Europeia foi recebida com preocupação pela comunidade científica da região. De acordo com o MIT Technology Review, a opção da população por sair da união europeia coloca em risco uma parcela considerável do financiamento de pesquisas do Reino Unido.
Em março, todos os 159 “Fellows” da Royal Society da Universidade de Cambridge consideraram que a saída seria “um desastre para a ciência britânica”. Isso porque a União Europeia financia uma grande quantidade de pesquisas de ciência e tecnologia para os países membros. Entre os anos de 2014 e 2020, a União prevê um total de € 74,8 bilhões nessa área.
No período de 2007 a 2013, o Reino Unido investiu um total de € 5,4 bilhões no orçamento de pesquisa da União Europeia. Nesse mesmo período, no entanto, a região ganhou € 8,8 bilhões em concessões e bolsas da União. Estar na União Europeia, portanto, foi economicamente vantajoso para os pesquisadores do Reino Unido.
Esse valor representa cerca de 25% dos fundos públicos de pesquisa do Reino Unido, e nos últimos anos essa proporção vem aumentando. Além disso, essas bolsas geralmente tem como contrapartida a formação de equipes de pesquisa de múltiplos países dentro da União Europeia, o que fortalece a integração entre os cientistas.
Precedente suíço
A Suíça é um exemplo do que a ausência de cientistas internacionais pode trazer. Embora não esteja na União Europeia, o país autorizou a livre movimentação de pessoas por seu território para se inserir nos programas de pesquisa da União Europeia, mas voltou atrás em 2014.
Como consequência disso, os estudantes suíços foram excluídos do Programa Erasmus de intercâmbios da União Europeia. Além disso, o fim dos fundos vindos da União fez com que o ministério de pesquisa do país interviesse para ajudar cientistas que não conseguiam achar emprego – a um custo elevado para a economia do país.
Segundo Athene Donald, do Conselho de Pesquisa Europeu, “não há motivos para pensar que o Reino Unido se sairia melhor”. para poder ter acesso às linhas de financiamento da União, o Reinou Unido precisaria fornecer livre movimentação de pessoas por seu território, e esse foi o principal ponto que fez a população da região votar pela separação.
Ainda que isso acontecesse, no entanto, o acesso às bolsas e programas de financiamento da União Europeia seria mais caro. Como não-membro, o Reino Unido precisa contrinuir uma soma maior ao orçamento científico da União do que os países membros, o que encareceria em cerca de 20% seus projetos de pesquisa.