A parte do celular que a maioria de nós mais subestima é o teclado. As empresas investem pesado em sistemas de inteligência artificial para tornar a digitação mais eficiente com o objetivo de driblar as limitações de espaço, já que o celular nunca proporcionaria a mesma produtividade e precisão que um teclado de PC de outra forma.
Uma das formas como essa tecnologia se manifesta é na tradução de texto para emojis. Tanto o teclado do iPhone quanto o Gboard, padrão do Android, possuem essa funcionalidade, que para muitos funciona como mágica. Mas você já parou para entender como esse recurso funciona?
Primeiro de tudo, é necessário entender o que é o Unicode. Trata-se de um padrão da indústria definido pelo Unicode Consortium, uma organização sem fins lucrativos que, entre outras atribuições, cria os emojis. São eles que decidem, por exemplo, que deve haver um emoji representando um dedo médio erguido. Eles determinam que deve haver um emoji que significa cansaço.
A cada nova atualização do Unicode, novos conceitos de emojis são incorporados, ficando a cargo das marcas criarem uma representação gráfica para esses conceitos, que são os ícones que você encontra no seu teclado. Assim, não é muito difícil fazer a associação entre imagem e a ideia que ela representa.
Aí é que entra o seu teclado na jogada. Independentemente do sistema que você usa, o funcionamento dele é sempre o mesmo: tudo o que você digita é interpretado pelos sistemas de inteligência artificial com o objetivo de oferecer melhores sugestões das próximas palavras, correção ortográfica e, sim, emojis.
Quando você digita alguma palavra que corresponde a um conceito incluído no padrão Unicode, o seu teclado normalmente é inteligente o bastante para fazer a associação e a sugestão, se as configurações permitem. Inclusive, a inteligência artificial costuma ser poderosa o bastante para fazer associações com sinônimos e aproximação de sentido, também. Ou seja: se você digita “cansado”, o teclado pode sugerir uma carinha de sono, mas o mesmo também pode acontecer se você digitar a palavra “sono”.
E a predição de texto?
Outra “bruxaria” dos tempos modernos é a capacidade do seu teclado de prever as próximas palavras que você digitará. Mais uma obra da inteligência artificial, que é capaz de associar os termos que você usa com mais frequência para aprender seus hábitos, ao mesmo tempo em que usa o conhecimento coletado de outros milhões de usuários, observando o que as pessoas mais costumam digitar para criar sugestões mais amplas.
Ou seja: quando, por exemplo, você inicia uma sentença com a palavra “eu”, a máquina vai puxar o seu histórico de digitação para sugerir a próxima palavra. Se você não tiver muito tempo de uso, a inteligência artificial ainda estará destreinada para o seu perfil, e puxará a próxima palavra com base no que é a tendência entre o restante da base de pessoas. Com o tempo, o teclado fica cada vez mais pessoal e íntimo.
Desse sistema nascem alguns joguinhos em que você deve pressionar a sugestão central do seu teclado uma quantidade de vezes específica para ver a frase formada. Ela provavelmente não tem nexo, mas às vezes pode mostrar algumas características do usuário.