Imagine chegar em casa depois de um longo dia de trabalho, tentar se conectar na internet para assistir algo na Netflix e descobrir que você está desconectado porque alguém roubou os cabos de fibra óptica do poste em frente à sua residência. Parece surreal, mas acontece. E com certa frequência.

Mas, afinal, o que leva os ladrões a se debruçarem no meio da noite para cortarem esses fios?

O dinheiro, é claro. Mas a prática não é tão lucrativa assim. Segundo algumas empresas que fazem a compra de cabos de fibra óptica para reciclagem, o preço médio da venda gira em torno de R$ 2 por metro. No mercado negro o valor pode ser ainda menor.

Além dos cabos de cobre, baterias de armários, cabos elétricos em centrais telefônicas e equipamentos de transmissão também desaparecem misteriosamente das instalações de internet, mas são geram mais lucro ao criminoso. A caixa de emenda de fibra óptica, por exemplo, pode ser encontrada na internet por valores entre R$ 200 e R$ 500.

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“Nos primeiros casos citados, as paralisações dos serviços afetam clientes de localidades como bairros e ruas comerciais. Em relação ao furto de cabos ópticos, cidades inteiras podem ficar sem internet”, conta Flávio Borsato, diretor de Engenharia e Operações da Sercomtel, empresa que oferece serviços de internet via fibra óptica em regiões próximas a Londrina, no Paraná.

Ele ainda afirma que houve um aumento considerável no número de casos envolvendo o roubo de cabos desde 2013.

Fato é que essa prática criminosa acaba deixando muita gente desconectada e os técnicos confusos já que o problema não é tão simples de ser identificado. Se o profissional que for realizar o conserto for inexperiente, poderá levar algumas horas até que perceba que os cabos foram furtados. Outros agravantes podem dificultar ainda mais o reparo.

A Sercomtel afirma que o problema é resolvido em até 12 horas para situações extremas quando há furto de cabos ópticos e que os profissionais precisam encontrar o local exato onde houve o rompimento dos materiais. Em casos mais simples, o reparo é feito entre duas e quatro horas.

Um dos jornalistas aqui do Olhar Digital passou recentemente por essa infelicidade. Cliente da Live TIM, ele escutou do serviço de suporte da empresa que ela precisaria informar a Eletropaulo antes de enviar um técnico para repor o cabo sumido. Essa, por sua vez, verificaria se realmente houve furto dos cabos e, então, autorizaria a operadora de internet a realizar os consertos.

Em nota, a Eletropaulo afirma que “apenas há aprovação prévia da distribuidora para pedidos de compartilhamento das estruturas, como previsto em contrato com as operadoras de telefonia e telecomunicação”.  No caso do jornalista isso foi necessário e o tempo total em que ficou sem acesso à internet foi de cerca de 12 horas.

A Telefônica, por sua vez, afirma que foram registrados 227 furtos durante o primeiro semestre de 2016 prejudicando 45 mil clientes da empresa, principalmente nas regiões de São Paulo, Ceará, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília.

A companhia, ligada a marca Vivo, também deixa claro que adota medidas preventivas para combater os furtos, como pintura das caixas de emenda óptica (CEO), adição de lacres nas caixas subterrâneas, acionamento da área de Segurança para interação com o policiamento local e realização de ronda nos locais com maior número de casos.