Robô aprende a fazer pontos cirúrgicos a partir de vídeos

Sistema de aprendizado profundo consegue realizar uma costura após uma cirurgia com 85,5% de precisão depois de ver 78 vídeos de médicos fazendo a mesma coisa
Renato Mota17/06/2020 19h27

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Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Berkeley, desenvolveram uma inteligência artificial que aprendeu a fazer suturas médicas apenas assistindo a vídeos dos profissionais de saúde realizando a tarefa. O Motion2Vec consegue imitar os médicos nos movimentos de inserção, extração e transferência de agulhas com muita precisão.

Caso seja aplicado, o robô poderia costurar um paciente após a cirurgia, dispensando o cirurgião de repetir os mesmos movimentos simples várias vezes em diversos procedimentos ao longo do dia.

UC Berkeley/Reprodução

“Aprender a partir de observações visuais, comparado às interfaces tradicionais de aprendizado de maneira estática ou imitando trajetórias, possui muito apelo devido à enorme quantidade de conteúdo disponível”, explica Ajay Tanwani, líder da equipe que desenvolveu o sistema de aprendizado profundo semi-supervisionado.

“O YouTube recebe 500 horas de material novo a cada minuto. É um repositório incrível”, completa Ken Goldberg, diretor do laboratório da UC Berkeley e ajudou a equipe de Tanwani neste estudo. “Qualquer humano pode assistir a quase qualquer um desses vídeos e entendê-lo, mas um robô atualmente não pode – eles apenas o veem como um fluxo de pixels. Portanto, o objetivo deste trabalho é tentar entender esses pixels. Isso é, olhar para o vídeo e analisá-lo”, afirma Goldberg.

O Motion2Vec possui um algoritmo treinado por uma rede neural siamesa, capaz de classificar o grau de semelhança entre duas entradas. Esse tipo de técnica é utilizada para reconhecimento de imagem, como por exemplo combinar imagens de uma câmera de vigilância com a foto do documento de uma pessoa.

No caso do Motion2Vec, a rede é usada ajustar o que o braço do médico está fazendo no vídeo com os movimentos do braço robótico, que de maneira contínua permite que a máquina eleve seu desempenho a níveis quase humanos. Os pesquisadores utilizaram 78 vídeos para treinar sua IA para executar sua tarefa com 85,5% de precisão.

Tanwani afirma que ainda faltam anos para que esse tipo de tecnologia chegue às salas de cirurgia, mas que inteligências artificiais podem agir como os assistentes de direção nos carros semi-autônomos, melhorando o desempenho dos médicos na tarefa. E com o treinamento adequado, o sistema Motion2Vec pode realizar outras funções, como a retirada de carne morta e detritos de uma ferida.

“Acreditamos que isso ajudaria os cirurgiões a concentrar seu tempo na execução de tarefas mais complicadas”, avalia Tanwani, “e usar a tecnologia para ajudá-los a cuidar da rotina mundana”.

Via: Engadget

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital