O sistema de apuração das eleições municipais, realizadas no último domingo (15), não passou por testes prévios por conta do atraso na entrega de equipamentos por parte da Oracle. É o que alega o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso.
Segundo revela a Folha de S.Paulo, documentos apontam que o TSE levou 18 meses para assinar o contrato com a Oracle para usar a tecnologia. A sugestão, inicialmente, veio da Polícia Federal com proposta de centralizar o sistema de apuração em Brasília.
O contrato de quatro anos teria sido assinado em março, sem licitação, pelo valor de R$ 26,2 milhões. A tecnologia, entretanto, só foi entregue no mês de agosto. O atraso se deu por causa da pandemia de Covid-19, informou Barroso. Por isso, alega, os testes não foram realizados e houve lentidão na divulgação dos resultados.
Barroso informou, em sessão, que problemas na apuração não deverão ocorrer no segundo turno. Imagem: José Cruz/Agência Brasil
Cinco testes estavam previstos pela equipe técnica do tribunal, mas apenas os dois últimos foram feitos com a tecnologia da Oracle. Entre elas, há o RecBio (Sistema Receptor de Biometrias), o RecBU (Sistema Recebedor de Boletim de Urna) e o TOT (Totalização Eleitoral). Não foi exigida licitação, segundo o documento, porque a Oracle já fornece uma série de sistemas da Justiça Eleitoral.
Problema deve ser evitado no segundo turno
O TSE divulgou na terça-feira (17) uma nota informando que os testes ocorrem regularmente para antecipar soluções de potenciais problemas. Também, que o contrato previa o prazo de 70 dias para que os equipamentos da Oracle fossem entregues – no início de junho. Por causa da pandemia, a Oracle “foi afetada pela ausência de peças eletrônicas e indisponibilidade de dispositivos”.
A nota informa que o equipamento foi entregue ao tribunal em 17 de julho e ficou pronto para uso em 14 de agosto. Em relatório, a PF recomendou o TSE a adotar a medida em outubro de 2018. Na terça-feira (17), Barroso se desculpou pelo atraso e classificou a lentidão no sistema, baseado em nuvem, como um “pequeno problema”.
O resultado das eleições, entretanto, ainda foi anunciado no mesmo dia do pleito. Técnicos do TSE e da Oracle informaram, ainda, que o problema ocasionado no primeiro turno “não se repetirá no segundo turno, em 29 de novembro, tendo em vista que o otimizador já está calibrado para processar um volume maior de informações de forma célere”.
Fonte: Folha de S.Paulo