A empresa brasileira Positivo sempre teve um papel secundário no mercado de smartphones nacional. Houve tentativas de ampliar a notoriedade de seus aparelhos no país, mas nenhuma realmente colou. Foi quando a empresa teve a ideia de mudar sua marca e apostar no nome Quantum, dando origem ao aparelho Quantum GO.
O impacto do celular já foi significantemente maior, alavancando interesse e aparentemente trazendo mais vendas. No entanto, o aparelho fica numa faixa de preço bastante disputada do mercado, onde há um modelo difícil de superar: o Redmi 2 Pro, da Xiaomi. O smartphone da fabricante chinesa tem sido a principal referência em custo-benefício dos últimos meses e é difícil de bater.
Mas qual deles é melhor? Vamos descobrir em breve.
Desempenho
Falamos logo de cara: o Quantum GO, especialmente o modelo 4G, tem um desempenho que é compatível com aparelhos relativamente mais caros do que ele. O seu processador octa-core da MediaTek é o bastante para rodar jogos pesados com alto nível de detalhes. Ajudado pelo fato de usar um Android muito próximo do puro, ele é bastante parecido com o Moto X Play, que custa consideravelmente mais caro.
O Redmi 2 Pro, por sua vez, não faz feio para um aparelho de R$ 600, mas também não é capaz de fazer frente ao que o Quantum GO. O seu processador Snapdragon 410 é um padrão entre intermediários e aparelhos de baixo custo e seu poder já é bastante conhecido. Ele vai funcionar bem em tarefas mais simples, vai apresentar vez ou outra um pequeno lag e penar com alguns jogos mais pesados.
Mesmo que os dois tenham 2 GB de memória RAM, os testes do AnTuTu confirmam a discrepância. Enquanto o Redmi 2 Pro recebe uma pontuação na casa dos 21 mil, o Quantum Go vai bem além, e entra na casa dos 31 mil pontos.
No entanto, há uma vantagem para o aparelho chinês que é a duração de bateria. O desempenho mais modesto permite que o smartphone tenha mais autonomia, enquanto o Quantum GO é notável por não ser tão econômico.
Assim, vitória para o Quantum GO.
Software
As escolhas de software feitas por ambas as empresas são interessantes, por se tratarem de estratégias radicalmente diferentes. No caso da Quantum, a decisão foi por manter o Android praticamente puro, mudando apenas alguns ícones e apps; já do lado da Xiaomi, a MIUI quase nem mesmo lembra o Android, se assemelhando muito mais visualmente ao iOS.
É um pouco injusto simplesmente falar em versões do Android para comparar os dois aparelhos. A versão mais recente da MIUI é baseada no Android 4.4, o KitKat, que já está meio defasado. Mas isso pouco importa, porque a empresa modifica tanto o sistema que poucos detalhes do software original são percebidos. O sistema está em constante evolução, com atualizações frequentes, o que também é muito diferente do comum no ecossistema Android. Isso tem suas vantagens, com recursos extras que o Google não oferece nativamente, mas também torna o aparelho mais propenso a problemas de bugs, travamentos e etc.
Enquanto isso, o Quantum GO, similar aos modelos da Motorola, oferece uma experiência do Android muito próxima do que o Google oferece. Não há muitos apps pré-instalados e tudo que é supérfluo, basicamente, ficou de fora. É exatamente o contrário da MIUI.
Particularmente, eu não gosto muito da ideia iOS-droid da MIUI, que me forçaram a instalar um launcher, mas é difícil não reconhecer a qualidade do software da Xiaomi, e na proposta de atualizações frequentes. Mesmo assim, a vantagem vai para o Quantum GO, porque o software mais leve também colabora para um melhor desempenho.
Câmera
Não há um vencedor muito claro, aqui. Nenhuma das duas câmeras é particularmente boa, o que é até compreensível dada a faixa de preço dos dois aparelhos. No entanto, por ser mais caro, seria desejável que o Quantum GO tivesse um desempenho melhor, o que não é o caso.
A câmera do Quantum GO não faz jus ao sensor traseiro de 13 megapixels, que pode passar a impressão de que a câmera é melhor do que realmente é. O sensor frontal de 5 megapixels também passa a impressão de que suas selfies serão melhores, mas o fato é que é tudo mediano na câmera do aparelho da Quantum, que tem sérias dificuldades de fotografar com baixa luminosidade com a abertura da lente f/2.0.
Já o aparelho da Xiaomi lista especificações mais modestas, com 8 megapixels na traseira, 2 megapixels frontais e abertura f/2.2. No entanto, pelo menos elas fazem um pouco mais de jus à qualidade das fotos do Redmi 2 Pro. Não é nada fantástico, mas dá para o gasto.
No fim das contas, por mais que os números sejam favoráveis ao Quantum GO, o resultado é um empate.
Tela
Os dois modelos têm painéis de tamanhos diferentes (5 polegadas do Quantum contra 4,7 polegadas da Xiaomi), mas ambos apostam na mesma resolução HD, de 1280×720. Isso dá uma pequena vantagem em densidade de pixels para o Redmi (cerca de 20 pixels por polegada a mais), mas essa diferença é desprezível em uso no mundo real.
O que faz, sim, diferença na comparação é o fato de o Quantum GO usar uma tela AMOLED no aparelho, que é superior ao LCD usado no Redmi 2. A diferença é notável na reprodução da cor preta, já que o LCD não é capaz de reproduzir um preto verdadeiro, já que os pixels nunca estão 100% apagados como acontece no AMOLED, que permite o controle individual de luminosidade de cada um dos pontos na tela.
O AMOLED também colabora para economia de bateria, o que é importante quando observamos que o hardware mais parrudo do Quantum GO tende a consumir mais energia. Assim, vantagem para o Quantum GO.
Preço
Eis o grande triunfo da Xiaomi. O Redmi 2 Pro é muito barato para o que ele oferece, mesmo que seus aspectos técnicos não sejam capazes de superar o Quantum GO. É difícil pedir muito mais de um aparelho que está custando R$ 700 em comparação com um que custa R$ 1 mil.
A vitória clara é da Xiaomi. A diferença de R$ 300 entre os preços não é, nem de longe, desprezível. Vale observar, porém, que, quando anunciado, o Quantum GO era um pouco mais competitivo: R$ 900. Infelizmente o momento da economia nacional acabou forçando o valor para cima.
Conclusão
Fica muito claro que o Quantum GO 4G é um modelo superior em praticamente todos os aspectos técnicos ao Redmi 2 Pro. O problema é que o Redmi vence de goleada em um dos critérios mais importantes: o preço.
Nestes comparativos do Olhar Digital, no entanto, favorecemos o critério técnico e usamos o preço apenas como desempate caso os aparelhos se igualem. Assim, o Quantum GO sai como vencedor do comparativo, mas é impossível deixar de observar que o Redmi 2 Pro faz coisas incríveis pelo seu preço.