Não é de hoje que a Apple deixou de ser sinônimo de inovação. Se no passado a empresa foi pioneira ao criar uma nova categoria de telefone inteligente com a primeira geração do iPhone, nos últimos tempos o aparelho vem claramente correndo atrás da concorrência em diversos aspectos.

Assim como a Apple foi copiada no passado, hoje é ela quem copia. Nada mais natural, considerando que toda empresa absorve as inovações das concorrentes para criar um produto que seja sempre “o próximo passo”. Faz bem para a evolução da tecnologia e o usuário é quem sai beneficiado.

A mudança de postura também se deve, em parte, à situação econômica recente da Apple. As vendas de iPhone sofreram uma queda acentuada e a empresa entende que é preciso saciar a demanda do consumidor por aquilo que outras marcas já oferecem no mercado.

Pensando nisso, listamos abaixo os principais recursos incluídos no iPhone 7 e 7 Plus que, embora sejam novidade para a Apple, não são novidade na indústria em geral.

  • Câmera dupla

Uma das principais novidades nos novos iPhones é o sistema de câmera dupla na versão maior do aparelho. Dois sensores, de 12MP cada um, atuam ora em conjunto, ora separadamente, para registrar imagens com zoom óptico e com níveis de ângulos diferentes.

A ideia, porém, já ronda o mercado há quase seis anos. O primeiro smartphone com duas câmeras traseiras foi o HTC Evo 3D, lançado em 2011, que usava os dois sensores para criar uma imagem com profundidade, em três dimensões, na tela de 4,3 polegadas – algo que o iPhone não faz.

Depois dele vieram muitos outros smartphones com câmera dupla. Entre os mais famosos estão o Xiaomi RedMi Pro (não confundir com o Redmi 2 Pro, vendido no Brasil), o Huawei Honor 8 e o Huawei P9, o HTC One M8, além do LG G5. Há também aparelhos com duas câmeras frontais, como o Lenovo Vibe S1 e o LG V10.

Por curiosidade, duas câmeras nem chega a ser o máximo que a indústria já inventou. Anunciado neste ano, o Lenovo Phab 2 Pro possui três câmeras traseiras, além de uma frontal. O trio de sensores é usado pelo dispositivo para aplicativos de realidade virtual e realidade aumentada, com a tecnologia Tango, do Google.

  • Resistência a água

A sétima geração do iPhone também é a primeira a vir com certificado de proteção contra poeira e água. As duas versões do novo iPhone vêm com garantia IP67, que permite que os aparelhos resistam bem a alguns respingos ou quedas acidentais. Para ser realmente à prova de água, o certificado deveria ser IP68.

Smartphones com IP67 ou alguma certificação maior, na verdade, existem aos montes no mercado. A rival Samsung, por exemplo, já usa proteção contra respingos de água há três anos em seus celulares de topo, a linha Galaxy S, incluindo edições especiais do S4 e do S5.

Mais recentemente, a Motorola colocou essa proteção no Moto G de terceira geração, lançado em 2015. É dela também um dos primeiros smartphones comerciais com IP67, o Motorola Defy, lançado em 2010. Antes dele, outros modelos, especialmente para uso militar ou edições limitadas, também já vinham vedados a poeira e água.

  • Eliminação da saída P2

Talvez uma das mudanças mais polêmicas no iPhone 7 seja a ausência de entradas P2 para fones de ouvido tradicionais. Se você quiser ouvir música no aparelho, deve conectar um fone com cabo Lightning (que apenas a Apple vende), pela mesma porta que carrega a bateria, ou usar qualquer fone Bluetooth.

Nesta tendência a Apple é certamente uma das pioneiras, em vez de correr atrás do que outras empresas já fazem há anos. Antes dela, porém, o Moto Z, da Motorola, também foi anunciado este ano sem entrada para fones de ouvido, usando, em vez disso, uma porta USB-C para fones e para carregar.

Além da Motorola, a chinesa LeEco também apresentou neste ano três aparelhos com a mesma estratégia: o Le 2, Le 2 Pro e o Le Max 2, todos sem entrada P2. Só que o primeiro, para ser mais exato, foi o Oppo R5, lançado em 2014, que vinha apenas com uma porta USB tradicional.

  • Botão Home com sensor de toque

No iPhone 7, o tradicional botão Home deixou de ser pressionável. O usuário não precisa mais apertá-lo para voltar à tela de início do iOS, bastando apenas tocá-lo, sem força, para sentir uma resposta em forma de uma leve vibração.

Mais uma novidade no iPhone que a concorrência já usa há anos. Os botões de navegação da Samsung, por exemplo, também são sólidos (com exceção do botão de início). A Asus usa a mesma tecnologia, assim como a Lenovo. Já Motorola e LG usam botões digitais, inseridos apenas na tela.

Estes são apenas alguns exemplos entre as marcas que atuam no Brasil. Lá fora, o que não faltam são smartphones com botões de navegação sólidos sensíveis ao toque. De todo modo, esta é a uma tendência que a Apple levou tempo para seguir.

Outras novidades

O iPhone 7 acrescemta diversas outras funções e recursos à experiência com um smartphone da Apple além das citadas acima. A maioria das mudanças, porém, é mais pontual: tela mais brilhante e com cores mais vivas, design mais fino, processador mais rápido, entre outras.

Essa evolução é natural para qualquer smartphone, seja ele da Apple, da Samsung, da Motorola ou qualquer outra marca. Em termos de mudanças que realmente deixam o novo iPhone diferente dos seus antecessores, porém, pouco ali é novidade para quem usa concorrentes.

De qualquer forna, isso não quer dizer que o iPhone 7 não é um bom smartphone ou que é inferior à concorrência. Apenas que a Apple já não é mais tão inovadora quanto foi um dia em relação ao produto. Confira também um comparativo entre especificações do iPhone 7 contra os rivais.