Quanto a Microsoft perdeu com a fusão com a Nokia?

Renato Santino25/05/2016 17h31

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Houve um tempo em que a Microsoft, sob o comando de Steve Ballmer, acreditou que deveria criar seus próprios smartphones, e para isso precisaria controlar sua principal (e praticamente única) parceira, a Nokia. Por isso, foram investidos US$ 7,2 bilhões para comprar a divisão de dispositivos da finlandesa, que já não estava bem das pernas e acabou cedendo à oferta.

Agora, no dia 25 de maio de 2016, praticamente não sobrou nada dos 25 mil funcionários da antiga Nokia que vieram junto com a aquisição. A Microsoft já havia dado baixa nos US$ 7,2 bilhões gastos com a fusão e, agora com a nova onda de demissões, também deu baixa em mais US$ 950 milhões.

Ou seja: os prejuízos com a aquisição superam a casa dos US$ 8 bilhões em um experimento que claramente não deu certo. Apesar de a parceria ter dado origem a bons smartphones, eles nunca foram sucesso de público, e o investimento nunca chegou nem perto de se pagar, sangrando os cofres da Microsoft trimestre após trimestre.

É possível argumentar, no entanto, que a decisão foi a única possível na época. Como já se sabe, a Nokia era, de longe, a maior parceira do Windows Phone, representando mais de 90% das vendas de aparelhos com o sistema. A empresa finlandesa, no entanto, vendo seus lucros caírem junto com a participação no mercado, cogitava uma guinada para o Android, o que praticamente mataria o Windows nos celulares. Independentemente de ser a única opção, o negócio não vingou.

Com a chegada de Satya Nadella, as coisas começaram a mudar. O novo CEO (que já não é tão novo assim) percebeu que o negócio de smartphones não teria mais futuro, e começou a reduzir os gastos na área e redirecionar esforços a áreas mais rentáveis. Primeiramente, ele decidiu apostar em três pilares: aparelhos para o mercado corporativo, celulares baratos para quem precisa de um custo-benefício mais interessante e tops de linha para os verdadeiros fãs do Windows.

Isso foi em julho do ano passado. Quase um ano depois, a situação se agravou um pouco mais, e agora o foco tornaram-se apenas os clientes corporativos. “Estamos focados em nossos esforços em celulares onde temos uma diferenciação, com empresas que valorizam segurança, gerenciabilidade e nossa capacidade do Continuum, e os consumidores que valorizam o mesmo”.

Provavelmente a linha Lumia será encerrada a partir de agora, sem novos smartphones. Isso não significa que a Microsoft vai parar de produzir celulares ou de desenvolver o Windows 10 Mobile (que é uma parte importante da estratégia do Windows), mas a expectativa é que, em 2017, seja revelado um Surface Phone. A ideia é que o aparelho possa ressaltar a capacidade e a flexibilidade do Windows 10 de uma forma que os Lumias não conseguiram, similar ao que o tablet Surface fez. Foram necessários algumas versões, mas a empresa conseguiu transformá-lo em um negócio rentável em um mercado praticamente dominado pelo iPad.

Via The Verge

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital