A WiTricity, startup que desenvolve tecnologias de carregamento sem fio, anunciou hoje que comprou a Qualcomm Halo, unidade da Qualcomm especializada em soluções de carregamento wireless para veículos elétricos (VEs). Com o acordo, a gigante de chips para smartphones se transforma em acionista minoritária da WiTricity, que terá em mãos, mais de 1.500 patentes ou pedidos de patentes de sistemas de recarga sem fio. Os termos do acordo não foram divulgados.

A união das empresas visa promover avanços em sistemas mais simples e eficientes de recarga dos veículos elétricos. Este setor ainda segue com números modestos se comparado com o de veículos que usam combustíveis fósseis, mas espera-se que este mercado tenha um crescimento notável na próxima década.

Segundo reportagem do site Venture Beat, as vendas de carros elétricos estão em franca expansão nos Estados Unidos, onde subiram 80% no último ano. Lá, grandes montadoras já se comprometeram a produzir apenas automóveis híbridos e elétricos a partir deste ano. Além disso, empresas como a Shell e a ChargePoint têm investido muito dinheiro para expandir e turbinar suas redes de recarga elétricas. 

Um dos maiores desafios da área segue sendo o processo de recarregamento dos veículos, um grande freio na aceleração do consumo. Segundo o CEO da WiTricity, Alex Gruzen, “a tecnologia de carregamento sem fio da empresa é fundamental para o futuro da mobilidade, que é claramente elétrica e cada vez mais compartilhada e autônoma”.

Por enquanto, o carregamento sem fio dos automóveis só é possível em estações específicas que, através de bobinas instaladas no chão e no carro, transferem cargas elétricas pelo ar por indução. Ainda no início desse ano, a BMW se tornou a primeira montadora a anunciar um carro com sistema wireless de recarga.

O que nos espera no futuro?

Desenvolver soluções para não só facilitar os processos de recarga, como também estender a duração de uma bateria, faz parte de um plano de atração de consumidores para os veículos elétricos . A acessibilidade a este tipo de tecnologia ainda não é o ideal, e possibilitar que as pessoas dirijam seu carro sem se preocupar com o local de recarga mais próximo é, talvez, o principal gargalo a ser resolvido.

Tais tecnologias também poderiam influenciar no desenvolvimento e comercialização dos carros autônomos, já que estes terão que encontrar formas de recarregar sem o envolvimento humano.

A WiTricity, que surgiu do Massachussets Institute of Technology (MIT) em 2007, largou na frente nessa corrida e arrecadou quase US$ 40 milhões de gigantes como a Intel e a Foxconn para encabeçar pesquisas no setor.

A Qualcomm Halo, apesar de cinco anos mais nova, demonstrou grandes progressos nesse pouco tempo de existência. Para se ter uma ideia, a empresa já fez demonstrações de “recarga dinâmica” em pistas de teste – e mostrou que carros do futuro podem ser capazes de recarregar enquanto rodam.

É por isso que a recente fusão deve representar um progresso no setor de carregamento sem fio de automóveis, ainda em fase prematura. Não à toa, Gruzen considerou hoje “um dia empolgante para a WiTricity, para montadoras, para possíveis compradores de veículos elétricos e, finalmente, para qualquer empresa que implante frotas de veículos autônomos.”