Depois de modems e tecnologias para as redes celulares, a Qualcomm anunciou nesta segunda um novo módulo de antenas 5G para smartphones. A peça, chamada de QTM052, carrega quatro pequenas antenas e é a primeira do tipo compatível com ondas milimétricas, as mmWave, usadas no espectro de frequências e velocidades mais altas do padrão de internet.
O anúncio é importante justamente pelo suporte às mmWaves. O 5G consegue oferecer conexões mais rápidas do que o 4G nos espectros menores, mas é nas frequências mais altas, que suportam bandas mais largas, que a “magia” realmente acontece. Em testes realizados em São Francisco no começo deste ano, um usuário conectado a uma rede 5G no espectro de ondas milimétricas dos 28 GHz conseguiu atingir velocidades de navegação de 1,4 Gbps, como relatou o The Verge na ocasião.
O grande problema é que essa tecnologia tem um alcance bem menor. Enquanto as ondas centimétricas usadas no 4G garantem uma boa penetração para o padrão, o tamanho reduzido das milimétricas faz com que elas não cheguem muito longe, já que mal conseguem atravessar paredes e, por vezes, nem as mãos de um usuário. Até pouco tempo atrás, isso tornava o uso dessa solução de transmissão inviável em conexões móveis.
Os transmissores de ondas milimétricas até conseguem aumentar o alcance dos sinais ao combiná-los em raios, mas a capacidade de atravessar objetos não melhora. A nova peça da Qualcomm promete resolver essa limitação ao rastrear e direcionar melhor esses raios, basicamente guiando-os até o smartphone ou dispositivo em que estiver equipada.
A ideia é que fabricantes possam incluir até quatro QTM052 nos smartphones, que é o máximo que o modem 5G X50 da própria empresa suporta. Isso totaliza 16 antenas, que devem ser suficientes para que nada — nem mesmo as mãos do usuário — fique na frente das ondas.
As antenas da Qualcomm serão compatíveis com as bandas de 26,5 a 29,5 GHz, 27,5 a 28,35 GHz e 37 a 40 GHz, e um módulo secundário ainda deixará o equipamento se conectar às faixas de 3,3 a 4,2 GHz, 3,3 a 3,8 GHz e 4,4 a 5 GHz.
O uso dessas frequências mais altas ainda nem foi cogitado pela Anatel, que já não pretende liberar os 28 GHz para o 5G, como lembra reportagem do Telesíntese. No entanto, o órgão começou a discutir a licitação da faixa de 3,5 GHz para a internet móvel no Brasil. A banda já é usada por TV aberta via satélite, o que pode provocar uma demora no processo. Ainda assim, a ideia da entidade, pelo menos até fevereiro deste ano, era começar a liberá-la em 2019.
Quanto ao QTM052 da Qualcomm, a peça deve chegar ao mercado no primeiro semestre de 2019, segundo a própria empresa.