Quais as tendências das tecnologias Web segundo o W3C?

As principais novidades sobre o futuro da Web compartilhamos aqui, em primeira mão.
Redação27/11/2018 08h03, atualizada em 28/11/2018 14h00

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Criado em 1994 por Tim-Berners Lee, o inventor da Web, o World Wide Web Consortium (W3C) é um consórcio formado por diversas organizações internacionais que discutem em conjunto o desenvolvimento e a evolução de tecnologias Web. Seu principal objetivo é estabelecer padrões a fim de garantir a interoperabilidade entre aplicações e dispositivos que se beneficiam dessa plataforma.

Anualmente, o W3C realiza a Plenária Técnica e a Reunião do Comitê Consultivo, do inglês Technical Plenary & Advisory Committee Meeting (TPAC). Entre os dias 22 a 26 de outubro, o TPAC foi realizado na cidade de Lyon, França, e as principais novidades sobre o futuro da Web compartilhamos aqui, em primeira mão.

Web Imersiva
O foco de todo o trabalho sobre Web Imersiva no W3C é definir toda base tecnológica fundamental para a criação de experiências de Realidade Virtual (RV) e Realidade Aumentada (RA) na Web. Participam entre várias organizações Apple, Amazon, Facebook, Magic Leap, Intel, Samsung, Google, NIC.br, Alibaba, Nikkon, Microsoft. Os stakeholders envolvidos com o assunto acreditam que essa é a evolução natural da Web e por isso o trabalho é focado em criar uma integração entre as atuais tecnologias Web e as tecnologias de Realidade Mista de maneira amigável, possibilitando que a comunidade de desenvolvimento Web utilize as mesmas linguagens comuns na Web para criação de experiências imersivas.

O primeiro passo está sendo dado para resolver pontos delicados relacionados às APIs utilizadas para integrar os hardwares de RA e RV aos navegadores Web.

Web Media
Os desenvolvedores de aplicativos da Web para mídia querem colocar suas aplicações para rodar em dispositivos como televisores, set-top boxes e dispositivos móveis. Acontece que navegadores integrados em produtos de consumo são frequentemente construídos a partir das mesmas bases de código (por exemplo HTML) que os navegadores de PC. Essas implementações são feitas pelos próprios fabricantes dos dispositivos (Samsung, Sony, Philips, Motorola, Acer etc.) ou por integradores. Assim, não é incomum que um produto do consumidor esteja usando uma versão base de código com três ou mais anos, enquanto navegadores de PC usam lançamentos de base de código mais recentes.

O que está sendo feito para resolver esses problemas de interoperabilidade? Reuniram-se em uma definição (Web Media API) as principais especificações usadas pelos aplicativos Web para mídia que são suportados em comum pelos quatro grandes códigos bases dos navegadores Chromium, Edge, Gecko, WebKit (Chrome, Edge, Firefox e Safari, respectivamente), desde 2017. A especificação foi usada para gerar um conjunto de testes (Web Media API Test Suíte), que permite que os fabricantes de dispositivos especifiquem e verifiquem se seus navegadores estão atualizados com os padrões atuais da Web.

Autenticação na Web – Web sem password

Um dos grandes avanços que será consolidado no ecossistema Web é a superação da autenticação do usuário por login e senha. A vulnerabilidade desse método de identificação dependente do usuário tem exigido um novo identificador forte e seguro. A implementação do Identificador Descentralizado (DID) (veja figura 1) e da Autenticação DID aproveita-se de todo o trabalho já feito com Web Authentication (também conhecido como Passwordless Authentication) que implementa autenticação forte e criptografia na Web, fazendo uso de uma parte confiável e de um autenticador de tal maneira que não há login e senhas circulando na rede. São 3 partes que contribuem para a autenticação forte, conforme ilustrado na figura 2:

Decentralized Identifier (DID): Um identificador global exclusivo que não requer uma autoridade de registro centralizada porque é registrado com tecnologia de registro distribuída ou outra forma de rede descentralizada.

Documento DID: Um documento estruturado contendo metadados que descrevem um DID, incluindo materiais de autenticação, como chaves públicas e biometria pseudônima, que uma entidade pode usar para autenticar, ou seja, para provar o controle do DID

DID Auth: uma cerimônia em que um proprietário de identidade, com a ajuda de vários componentes, como navegadores da Web, dispositivos móveis e outros agentes, prova para uma parte confiável que eles controlam um DID.


Figura 1

Figura 2

Publicações Digitais

A convergência inevitável das aplicações para a Web, como a interface preferida por suas características de universalidade, escalabilidade, interoperabilidade, traz as publicações digitais para um novo patamar de possibilidades de conectividade e compartilhamento de recursos. No entanto, um livro digital, por exemplo, tem demandas outras do leitor do que uma simples página Web. O caminho traçado é a definição de um MVP (Minimum Viable Product) de uma Publicação Web para identificar os requisitos para um agente de usuário (por exemplo, navegador). Esse MVP contempla necessidades comuns da Web que nem sempre estão presentes em uma publicação digital, como capacidade de buscas em toda a publicação e o suporte a funcionalidades de CSS e JavaScript. Entre essas necessidades, considera-se também os limites de uma Publicação Web, tais como acesso a um link para uma página externa à publicação ou leitura sem conexão à internet.

*Com co-autoria de Beatriz Corrales, pesquisadora do Centro de Estudos sobre Tecnologias Web (Ceweb.br), do NIC.br, economista especializada em economia do trabalho e mestranda em administração pública na FGV-SP.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital