Projeto de data center submerso da Microsoft tem sustentabilidade questionada

Daniel Junqueira07/11/2018 17h24, atualizada em 07/11/2018 18h00

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Há alguns meses a Microsoft afundou um data center no litoral da Escócia para testar o uso da água do mar para ajudar no resfriamento dos servidores. Agora o chamado Projeto Natick está sendo criticado por ambientalistas, que dizem que a solução da Microsoft não é exatamente sustentável.

Quando a Microsoft afundou o data center na Escócia, a empresa disse que a ideia era manter os servidores submersos por um ano. Além da vantagem de usar a água do mar para resfriar o data center – o que por si só já reduz os custos do sistema -, a Microsoft também diz que o projeto garantiria mais velocidade em conexões.

Como a maior parte da população mundial vive próxima aos litorais, os dados precisariam viajar distâncias menores – consequentemente, um vídeo da Netflix chegaria mais rápido ao seu celular pela proximidade com o data center, por exemplo.

Em uma conferência no Reino Unido, o CEO da Microsoft Satya Nadella defendeu o Projeto Natick e disse que ele deve ser o futuro dos data centers. O executivo se mostrou bastante confiante com os resultados preliminares do projeto e também com a velocidade de instalação do data center – Nadella diz que foram 90 dias até tudo ficar pronto.

Mas nem todo mundo se mostrou tão confiante no projeto quanto Nadella. Durante a mesma conferência, George Adam, diretor de engenharia e energia da SPIE UK, reconheceu os benefícios defendidos pela Microsoft, mas criticou alguns pontos.

“Considerando a preocupação internacional com o aumento da temperatura dos oceanos e as consequências para o meio ambiente, usar o oceano para resfriamento pode representar um conflito para objetivos ambientais,” explicou o executivo. O problema dele não foi exatamente em aquecer o oceano, e sim em desperdiçar o calor das águas marinhas.

“O Projeto Natick e diversas outras iniciativas com objetivo de reduzir o consumo de energia associado a data centers normalmente tratam o calor gerado como desperdício. Precisamos mudar essa abordagem, considerando que o consumo global de energia de data centers vai expandir dos atuais 3% para 14% em 2050”, defendeu Adams.

A ideia de Adam seria, em vez de desperdiçar o calor das águas do oceano para resfriar data centers, arranjar um jeito de reaproveitar esse calor para aquecer casas durante o inverno – o sistema Odense do Facebook já fez isso, e serve para aquecer 6,9 mil lares em partes da Europa.

Ex-editor(a)

Daniel Junqueira é ex-editor(a) no Olhar Digital