Não há como negar: o streaming é o presente e o futuro do consumo de conteúdo em vídeo. Essa realidade é algo com que as empresas de televisão por assinatura ao redor do mundo estão tendo dificuldade de lutar, mas isso não significa que elas desistiram por completo. E isso fica evidente pelos decodificadores que essas empresas oferecem.

Aos poucos, os decodificadores, que antigamente só serviam para dificultar o famigerado “gato”, vão ganhando mais e mais recursos. No Brasil, por exemplo, estes dispositivos já estão chegando às mãos dos usuários com suporte a Netflix, integrando um serviço concorrente a sua própria plataforma.

Quando olhamos para os EUA, a situação está ainda mais evoluída. Os decodificadores já são equipados com controles remoto capazes de reconhecimento de voz, com o qual é possível falar o que você gostaria de assistir e ser direcionado para o canal que está transmitindo aquilo. Quer ver um jogo de basquete? Basta falar. Isso, claro, além da integração com serviços de streaming.

Se pararmos para pensar, o modelo de TV por assinatura se manteve inalterado por muitos anos, o que fez com que ele parecesse defasado. O mercado do streaming se aproveitou desse cenário para começar a ganhar popularidade; afinal de contas, quem quer esperar até 22h15 para ver algum filme numa quinta-feira quando você pode acessá-lo quando você quiser na Netflix ou alguma plataforma similar? Além disso, ninguém quer ter que assinar um monte de canais para ter acesso a alguns que contem com o conteúdo que eles realmente querem assistir.

No entanto, o próprio mercado de streaming está mudando e ficando complicado. Se há alguns anos a Netflix era a única plataforma do tipo, hoje já temos Amazon Prime Video, Globoplay, HBO Go… isso no Brasil. Lá fora ainda existem serviços como Hulu, Showtime, e ainda estão por vir o Disney+ e o Apple TV+. Com tantos serviços, não seria uma boa se todos eles se juntassem em uma única assinatura, cobrada em uma única fatura? Talvez com faixas de preços mais baixas para quem quiser só alguns dos serviços?

Sim, curiosamente, a pulverização do conteúdo em múltiplas plataformas de streaming, resultado de empresas percebendo que era mais lucrativo criar plataformas próprias do que ceder os direitos de seu conteúdo para a Netflix, pode dar origem a uma nova era da “TV” por assinatura. E faria todo sentido do mundo se esse produto que une vários serviços começasse a sair do papel em poucos anos.

Neste sentido, as operadoras de TV por assinatura contam com uma vantagem em relação a outras empresas que queiram oferecer uma proposta similar de reunir vários serviços de streaming em uma única assinatura: essas empresas, em várias partes do mundo, também são operadoras de internet, que é um item fundamental no consumo de vídeo por streaming. Seriam múltiplos serviços em um só pacotão.

E não é como se a TV paga tenha parado totalmente no tempo. Se no passado uma das limitações mais chatas era o fato de precisar seguir a programação dos canais e limitar-se a reproduzir o conteúdo na TV, hoje basicamente qualquer operadora conta com seus próprios serviços de filmes e séries on-demand, incluídos no preço da sua assinatura. As credenciais também, em muitos casos, permitem acessar aplicativos de streaming de canais.

Existem bons motivos para deixar de lado a TV por assinatura, mas no fim das contas o que conta é disponibilidade de conteúdo e conveniência, e não o formato como ele chega até as suas telas. O boom dos serviços de streaming pode ter feito as operadoras de TV paga perceberem isso, e existe uma possibilidade de que elas estejam se preparando para estarem bem posicionadas para um novo momento em que o streaming não seja mais um inimigo, mas sim um aliado.