Uma equipe de pesquisadores dos EUA, Coreia do Sul e Holanda desenvolveu um pacote de sensores capaz de transformar qualquer privada comum em um verdadeiro laboratório doméstico. O protótipo analisa urina e fezes para identificar vários problemas de saúde, entre eles disfunções metabólicas, obstruções hepáticas, infecções no trato urinário até mesmo alguns tipos de câncer.

O equipamento é capaz de medir o fluxo (urofluxometria) e composição (urinálise) da urina, bem como a cor, formato e consistência das fezes, comparando-as com a Escala de Bristol para identificar problemas digestivos. Além disso, é capaz de detectar níveis de glucose na urina, para diagnosticar diabetes, e glóbulos vermelhos nas fezes, para detectar anemia.

O sistema também registra a quantidade de vezes por dia que um usuário vai ao banheiro, e a duração de cada visita. Todos os dados são agregados e enviados a um portal na nuvem, onde o usuário pode obter relatórios completos sobre sua saúde.

Câmeras ‘invasivas’

O problema é que exames como a urofluxometria e análise das fezes são feitos usando câmeras instaladas dentro da privada, algo que certamente deixará os usuários desconfortáveis. Para piorar, os cientistas desenvolveram um método “engenhoso” para diferenciar os usuários com um sistema de autenticação em dois fatores: combinaram um sensor de impressões digitais no botão da descarga com um “sensor anal”, uma câmera que analisa imagens da região e identifica os usuários pelo padrão de dobras na pele.

Não, não estamos brincando. Um artigo detalhado descrevendo o sistema foi publicado na Nature, uma das revistas mais respeitadas no meio científico.

Não é supresa que os 11 voluntários (6 homens e 5 mulheres, com idades entre 19 e 41 anos) que participaram do estudo tenham se oposto a alguns aspectos do sistema. “A vasta maioria das preocupações dos participantes era relacionada à privacidade e segurança dos dados no sistema. Observamos uma preferência estatisticamente significativa pelos módulos sem câmeras. O mais aceito foi o de urinálise, e o menos aceito foi o sensor anal”, disseram os autores.

Por mais absurdo que o sistema possa parecer, alguns de seus componentes (como o módulo de urinálise) podem ser realmente úteis em produtos futuros. Só esperamos que seus criadores tenham um pouco mais de bom senso. Como está, o sistema é um bom exemplo do ditado: “não é porque uma tecnologia pode ser usada que ela deve ser usada”.

Fonte: The Next Web