Dois caminhos que se cruzam há muito tempo: tecnologia e automóveis. Sempre estamos de olho nos movimentos da indústria automobilística, aqui no Olhar Digital. Nos últimos anos, por exemplo, o setor de carros da CES (a maior feira de tecnologia do mundo, realizada em Las Vegas, nos Estados Unidos) tem merecido destaque especial por parte da organização e também espaço cada vez maior em nossa cobertura. Ainda assim, quando recebemos o convite para o “unboxing” de um novo veículo, não deixou de ser algo inesperado, afinal estamos mais que acostumados a “desembalar” produtos eletrônicos para preparar reviews e análises. Mas, um carro, seria a primeira vez.
Quando a caixa branca em que a nova geração do Prius foi finalmente aberta, as linhas do híbrido, que se tornou uma das marcas do novo momento da indústria automobilística, não deixavam dúvidas sobre qual seria o objeto do “unboxing”. Então, vamos ao desembalar.
De cara, chama a atenção o design. As linhas do Prius 2016 se tornaram mais arrojadas na parte frontal, sem perder o desenho característico. Os novos faróis, mais alongados, compõem o visual mais agressivo, que conta, também, com linhas que percorrem todo o capô, passam por sobre a cabine e se estendem até a traseira. O emblema frontal da Toyota, iluminado em azul, não deixa dúvidas de que se trata de um híbrido, que se destaca na multidão. Mas, o novo desenho vai além da questão estética: faz parte de um conceito chamado design funcional, que obedece premissas aerodinâmicas para aumentar ainda mais a economia de combustível.
Tecnologia na propulsão
Para quem que vive imerso no mundo da tecnologia, alguns itens são especialmente interessantes. A primeira explicação tem a ver com o coração do carro: o motor. Ou melhor, os motores, porque são dois, um elétrico e um a combustão. Para quem não conhece os detalhes, um carro híbrido dispensa tomadas, o motor elétrico é alimentado por baterias que, por sua vez, recebem carga toda vez que o sistema de freios é acionado. Na verdade, trata-se um sistema de freios regenerativos, que transforma a energia cinética gerada nas frenagens em energia elétrica que carrega a bateria. A bateria, por sua vez, transfere energia para o motor elétrico que – até 50 km/h pode ser o único responsável pela locomoção do veículo. A partir daí, o carro alterna ou conjuga inteligentemente o uso dos dois motores. Um detalhe que chama a atenção de quem entra em contato com o híbrido pela primeira vez é que é difícil perceber quando ele está ligado. Logo que se aciona o Start Button, o carro permanece sem vibração alguma, sem barulho nenhum – maravilha da tecnologia dos motores elétricos. O outro detalhe é a aceleração de saída – o torque dos motores elétricos em baixa rotação é muito maior que o dos motores convencionais -, basta encostar no acelerador para se ter aquela sensação de “colar as costas” no banco, o melhor: ainda em total silêncio.
Painéis, painéis e painéis
Para quem gosta de tecnologia, painéis digitais são irresistíveis. E, aí, entrar a primeira vez no Prius é hipnotizante. O que primeiro chama a atenção é o painel responsável pelas informações do sistema de motores. Por ele, dá para acompanhar em tempo real as idas e vindas entre o motor elétrico e o motor a combustão. Novamente, para quem gosta de tecnologia, observar essa “dança digital” que mostra o processo de recarga da bateria e quando o motor a combustão está em ação, é mais que bacana. Também no mesmo conjunto estão as informações do carro, como o consumo de combustível e a velocidade, por exemplo. Infelizmente, não houve muito tempo para explorar os vários menus (outra diversão para quem gosta de tecnologia) – espero volta a eles na próxima oportunidade.
Faróis com sensor crepuscular, janelas que abrem e fecham com “one touch”, limpador de parabrisas e câmbio automático estilo joystick: o conjunto de facilidades digitais está todo aqui.
O capítulo do som é à parte. Uma das primeiras coisas que fiz foi parear o smartphone via bluetooth para testar. Confesso que não resisti e coloquei o tema de abertura do Olhar Digital para tocar: os tons graves de Acid Rain do Liquid Tension sempre servem de bom teste para os graves de qualquer sistema de som e, aqui, fiquei super satisfeito com o resultado saído dos altofalantes JBL.
Finalmente, nesse “unboxing” digital, um mimo para os que já têm à disposição smartphones que carregam sem fios – vários top de linha já trazem o recurso e já há várias capinhas no mercado que entregam o mesmo para aparelhos que não têm novidade. No centro do carro, na parte da frente do console, a superfície do carregador é um lembrete da conexão do carro com a tecnologia e com a era digital. Trata-se de um carregador sem fios: basta repousar o smartphone sobre a superfície para que a tela se acenda, indicando que o processo de recarga começou. A tecnologia de carregamento sem fios ainda não está presente em todos os celulares, mas é mais que bacana. Trata-se um sistema que usa indução eletromagnética para fazer a carga. Simplificando: no carregador um conjunto de molas gera um campo magnético, que é captado no celular por outro conjunto de molas. A energia é, então, convertida para uma corrente direta, que abastece a bateria. Carregadores como esse estão presentes em vários lugares (e são vendidos como acessórios por alguns fabricantes), mas ainda são bem raros os automóveis que oferecem a possbilidade de aposentar de vez os fios para o carregamento de baterias.
O caminho da indústria automobilística na direção de um planeta mais sustentável está apenas nos primeiro quilômetros. E os carros híbridos são um passo decisivo nesse caminho. A primeira impressão desse novo Prius é de que esse trajeto pode ser bem bacana.
Você pode conferir um pouco mais desse caminho clicando aqui.