Primeiro lote do Galaxy Fold esgota em horas, mas isso não significa nada

A empresa começou a alertar interessados que fizeram a reserva do aparelho que o dispositivo esgotou, mas isso diz pouca coisa sobre o sucesso do aparelho
Renato Santino17/04/2019 20h55

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A Samsung anunciou nesta quarta-feira, 17, que o Galaxy Fold está completamente esgotado, pelo menos por enquanto. O celular de US$ 2.000 será lançado no dia 26 de abril, mas o estoque já está zerado nas pré-vendas e, para isso, não foi preciso mais do que um dia para isso. E sabe o que isso significa? Isso mesmo: nada.

Olhando de longe, parece um feito impressionante. Afinal de contas, o celular é caríssimo e a tecnologia é profundamente experimental, então o fato de que há interesse o suficiente para que o primeiro lote do aparelho se esgote parece algo bastante positivo para a Samsung. Quando olhamos com mais cuidado, no entanto, não é nada tão impressionante assim.

A Samsung já havia deixado claro que trataria o Fold como um produto de luxo. Isso significa que ele é para poucos. Consequentemente, isso também significa que a empresa não vê sentido em produzir muitas unidades do aparelho. Quando somamos o fato de que esta é a primeira leva de aparelhos, tudo indica que havia pouquíssimas unidades disponíveis para serem reservadas neste primeiro momento.

A questão é um pouco mais complexa, no entanto. Apenas na semana passada a Samsung anunciou que havia iniciado a produção em massa das telas flexíveis necessárias para a montagem do Galaxy Fold. Considerando que o celular começará a ser vendido já na próxima semana, fica evidente o atraso no fornecimento das peças, o que certamente restringirá a quantidade de aparelhos no primeiro lote.

A própria Samsung já havia afirmado que planejava manter a produção do Fold limitada. Ainda no ano passado, a Samsung havia afirmado que projetava a produção de apenas 1 milhão de unidades do smartphone dobrável, o que é uma escala minúscula quando comparamos com outros aparelhos de massa. Para comparação, no último trimestre em que a Apple anunciou com clareza o número de iPhones vendidos, os números estavam na casa dos 47 milhões de unidades em apenas três meses.

“Dada a capacidade da Samsung Electronics, nós produzimos um mínimo de um milhão de unidades para um produto top de linha. Para o celular dobrável, o estoque inicial será acima de um milhão de unidades, e se a reação do mercado for positiva, nós poderemos produzir mais”, disse DJ Koh, chefe da divisão de mobilidade da Samsung em novembro do ano passado, na ocasião da apresentação da tecnologia de telas.

Fica muito evidente, portanto, que as primeiras unidades do Galaxy Fold foram produzidas em quantidades limitadíssimas para testar o mercado, o que também deixa claro que o esgotamento do primeiro lote significa muito pouco.

O cuidado faz sentido quando vemos o que aconteceu com as primeiras unidades enviadas para jornalistas testarem. Em um universo de algumas dezenas de aparelhos oferecidos à imprensa e YouTubers, já há pelo menos quatro casos de problemas com a tela do aparelho. O site The Verge relata que o painel começou a apresentar erupções na área da dobra, enquanto Mark Gurman, da Bloomberg, e o YouTuber Marques Brownlee relatam que removeram desavisadamente uma película fundamental para o funcionamento do dispositivo, que apresentou defeitos. Por fim, um jornalista da CNBC mostrou um vídeo em que um dos lados do painel simplesmente começou a piscar.

A Samsung não é totalmente culpada no caso da remoção da película da tela, mas a empresa provavelmente não deveria fazer com que essa capa fosse tão facilmente removível. Afinal de contas, se dois dos maiores nomes do jornalismo de tecnologia no mundo acabaram removendo o componente por falta de aviso, o usuário comum também irá fazê-lo, e a Samsung acabará com um novo problema nas mãos.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital