Em evento realizado na noite da última quarta-feira, 22, em São Paulo, a Motorola anunciou nada menos do que três novos smartphones para o mercado brasileiro. São eles o Moto C Plus, o Moto E4 e o Moto E4 Plus, que começam a ser vendidos nesta semana custando de R$ 699 a R$ 949.
O Olhar Digital teve alguns minutos com os três aparelhos, que se destacam não só pelo preço mais acessível, mas também pelas especificações incrivelmente básicas. Confira nossas primeiras impressões sobre cada um deles nos parágrafos abaixo.
Moto E4 e Moto E4 Plus
O principal anúncio da empresa foi a volta da linha Moto E, que teve seu último modelo lançado no Brasil em 2015, o de segunda geração. No ano passado, a Motorola lançou em alguns países o Moto E3, que não chegou a ser vendido no Brasil, o que explica a numeração dos novos celulares.
O Moto E4 é o mais barato dos dois, custando R$ 849. O corpo do aparelho é metálico, cobrindo a tela de 5 polegadas e resolução HD que fica logo acima de um sensor de impressões digitais – algo inédito em celulares dessa faixa de preço no Brasil, vale notar.
O modelo exato do processador não foi confirmado, mas é fabricado pela MediaTek, empresa conhecida por chips mais econômicos em energia, mais baratos para as fabricantes e, em teoria, menos potentes que os da Qualcomm. Junto a ele há 2 GB de RAM e 16 GB de espaço interno para armazenamento.
A bateria é de 2.800 mAh, o que a Motorola garante que dura um dia inteiro, embora seja uma das menores do mercado atual. As câmeras também têm resoluções um pouco ultrapassadas: 8 MP na principal e 5 MP na de selfies, que acompanha um flash frontal.
Nossa experiência com o celular foi em um ambiente pouco iluminado, de modo que o resultado das fotos não foi muito satisfatório. Mas só um período de testes mais longo pode garantir se a câmera é boa ou não, já que o número de megapixels, por si só, não é suficiente para determinar a performance desses sensores.
Em termos de design e ergonomia, o Moto E4 oferece uma boa “pegada”, com um design bem compacto. O corpo metálico dá um tom de sofisticação que é bem-vindo num celular tão barato. Já a performance foi difícil avaliar num ambiente controlado pela Motorola, onde não pudemos experimentar muitos aplicativos.
O que dá para dizer com certeza é que 2 GB de RAM é pouco para quem quer um celular multi-tarefa, capaz de alternar entre diversos apps rapidamente e manter um fluxo de trabalho. Mas para redes sociais e aplicativos de mensagem, porém, não deve deixar muito a desejar, ainda mais nesse preço.
O Moto E4 Plus, por sua vez, tem basicamente as mesmas especificações, com exceção da tela (5,5 polegadas), da câmera traseira (13 MP) e da bateria (5.000 mAh). Esta última, aliás, é o que mais chama a atenção, já que é uma das maiores do mercado brasileiro, junto com a do Zenfone 3 Zoom e a do Galaxy A9.
Isso quer dizer que o Moto E4 Plus, por ter especificações também mais modestas, deve durar facilmente mais do que um dia inteiro de uso, chegando talvez até dois dias. Mas reiteramos que apenas um período de testes maior pode confirmar se a bateria é tudo isso o que promete no papel.
A câmera também parece levemente superior à do Moto E4, mas somente em termos de resolução mesmo, já que a performance em um ambiente de pouca luz continuou não sendo das melhores. Talvez, à luz do dia, tanto o Moto E4 quanto o Moto E4 Plus surpreendam nesse quesito, mas ainda não temos como ter certeza.
O E4 Plus também tem leitor de impressões digitais e, assim como sua versão mais barata, roda Android 7.0 Nougat “puro”, sem modificações estéticas e nem apps inúteis pré-instalados. Este modelo é vendido já por R$ 949 (preço sugerido), o que o coloca num patamar muito próximo ao do Moto G5, que chegou ao Brasil por R$ 999.
Moto C Plus
A outra novidade foi o Moto C Plus, primeiro celular da nova linha da Motorola a chegar ao país. Este é o mais barato de todos, custa R$ 699, e também tem especificações ainda mais básicas. Fica a dúvida, porém, se os componentes escolhidos para este smartphone ainda fazem sentido em 2017.
O Moto C Plus tem apenas 1 GB de RAM e 8 GB de memória interna – sendo que, na prática, apenas 4 GB de espaço vêm livres para o usuário encher como quiser. Trata-se de um conjunto já bem ultrapassado para os padrões de hoje, ainda mais considerando que o sistema Android, sozinho, ocupa mais do que a metade disso tudo.
Ou seja: Facebook, WhatsApp e Instagram, três dos aplicativos mais básicos que qualquer usuário pode se interessar em adquirir, certamente vão extrapolar os limites dessa memória em pouco tempo. O que indica também que quem comprar um Moto C Plus pode ter que encarar travamentos de vez em quando.
Mas tudo isso vem por uma etiqueta de preço bem mais acessível, ainda mais se considerarmos que ele tem uma tela de 5 polegadas HD e Android 7.0 “puro” também. Além disso, os botões de navegação dele são capacitivos: em vez de ficarem na tela, ficam no corpo do aparelho, liberando mais espaço no display.
Outro grande destaque desse aparelho é a bateria, que tem a impressionante capacidade de 4.000 mAh. Já é maior que a de muitos celulares mais caros, incluindo o recém-anunciado Moto Z2 Play e o Galaxy S8, que vêm com baterias de 3.000 mAh. Mas fica a dúvida: para que tanta energia se o desempenho não for satisfatório?
O celular pode até durar quase dois dias longe da tomada, o que parece ser o caso do Moto C Plus, mas isso não adianta nada se o usuário passar dois dias tendo dor de cabeça com travamentos em tarefas simples. Isso sem falar nas câmeras, que são de 8 MP e apenas 2 MP na parte de frente, o que parece garantir selfies bem pouco nítidas.
Conclusão
Com os três anúncios de ontem, chega a seis o número de smartphones lançados pela Motorola no Brasil em apenas seis meses – média de um por mês. Há ainda rumores de que a empresa está preparando pelo menos mais um Moto Z, novos Moto X e até versões atualizadas do Moto G5, que saiu no começo deste ano.
Com essa sopa de letrinhas que virou o portfólio da Motorola, é natural que muitas dúvidas surjam. No passado, a empresa ficou conhecida no Brasil por equilibrar boas especificações com preços acessíveis, o que ela promete voltar a fazer com a nova família Moto E e com o Moto C Plus.
Mas, no papel, esses celulares não parecem ser capazes de garantir uma boa performance, mesmo apesar do relativamente baixo custo. Por isso, tanto Moto E4 quanto Moto E4 Plus e Moto C Plus precisam provar, na prática, nas mãos do consumidor, se esses números fracos de especificações refletem ou não seu desempenho.