Foi inaugurada nesta semana uma planta-piloto de tratamento e aproveitamento energético do lixo orgânico na Estação de Transbordo da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) no bairro do Caju, no Rio de Janeiro. A ação foi resultado de um projeto que recebeu investimento total de R$ 11,66 milhões – sendo R$ 10,36 milhões não-reembolsáveis do BNDES.

Estima-se que o biogás produzido mensalmente pela unidade seja capaz de gerar energia suficiente para pouco mais de mil casas ou abastecer uma frota de mil carros.

A tecnologia, que extrai adubo e gás natural dos resíduos sólidos, foi desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com a Methanum Tecnologia Ambiental Ltda. e a Comlurb. Ligada à UFMG, a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), ela é beneficiária dos recursos do Fundo Tecnológico do BNDES (BNDES Funtec). Como interveniente da operação, a Methanum aportou uma contrapartida de aproximadamente R$ 1,3 milhão em recursos próprios.

Como a estação gera energia

O início da operação da planta-piloto permitirá testar os parâmetros de eficiência da tecnologia de metanização por compostagem anaeróbia e ampliar a escala. Com capacidade de tratamento de 30 toneladas por dia, a planta deverá gerar 100 metros cúbicos de gás por tonelada de resíduo orgânico tratado, com concentração entre 50% e 60% de metano.

A unidade é composta por módulos com o tamanho aproximado de um contêiner, que recebem o lixo e ficam lacrados por um período de duas a três semanas, enquanto as bactérias introduzidas no compartimento degradam a matéria orgânica e produzem metano. O gás é armazenado, enquanto o material remanescente é retirado e usado como fertilizante.

Os micro-organismos são pulverizados nos módulos por uma tubulação, com uso intensivo de eletrônica. Sensores e medidores permitem controlar e otimizar a produção de biogás. A planta conta ainda com um gerador para a produção de energia elétrica a partir da combustão do gás.

A estação da Comlurb no Caju foi escolhida por receber resíduos sólidos de bairros distintos, com diferentes padrões de consumo e produção de lixo, oferecendo diversidade suficiente para simular as condições de diferentes municípios brasileiros. Além disso, a Comlurb já tem usina de compostagem convencional com digestão aeróbia no local, permitindo a comparação do resultado das duas tecnologias.