Parece que foi ontem que ficamos ultrajados com o lançamento do iPhone 5 no Brasil, com a versão mais cara do aparelho lançada a ultrajantes R$ 3.000 no ano de 2011. Mal sabíamos nós da realidade que viveríamos sete anos no futuro, quando virou padrão lançar smartphones no Brasil por mais de R$ 5.000.
Basta olhar a situação atual. Primeiro, temos o iPhone X, lançado no ano passado, pelo preço pouco amigável de R$ 7.000, sendo com folga o celular mais caro a chegar ao Brasil. Depois, vemos o Galaxy Note 9 chegando a R$ 6.500, e até a LG chutou o pau da barraca com o V35 lançado por R$ 5.000. Isso porque um ano atrás já criticávamos celulares que custavam mais de R$ 4.000.
Para que fique claro, esse efeito não é sentido apenas no Brasil. Nos EUA, o iPhone X foi o primeiro a romper a marca dos US$ 1.000, e logo em seguida veio a Samsung avançando sobre a marca com o Note 9, que pode custar até US$ 1.150 no país, sendo que esta conta não inclui os impostos, que são cobrados à parte e calculados de forma diferente em cada região dos EUA. O site americano The Verge chegou a publicar um artigo indignado mostrando que em apenas um ano, a marca do milhar de dólares passou de exceção a regra no mercado de smartphones top de linha.
Mesmo empurrando a média de preços para um celular para cima, a Apple continua vendendo e lucrando muito, o que significa que as pessoas ainda estão comprando. De fato, Tim Cook recentemente revelou em conferência para anunciar os resultados do último trimestre que o iPhone X, mesmo caro desse jeito, é o celular mais vendido pela empresa no mundo.
Isso acaba sinalizando algo para as concorrentes: por que vender barato se as pessoas estão comprando caro? E as empresas não estão erradas. Segundo um estudo da consultoria GfK, a tendência global é adquirir smartphones mais premium, “desde que vejam recursos aprimorados ou outros benefícios”, mencionando que, na Alemanha, por exemplo, a procura por celulares que custem mais de 500 euros subiu 15% nos últimos três anos.
Com isso, o mercado todo parece ter ajustado seus preços para cima, e isso acaba se refletindo no mercado brasileiro.
Vamos supor, em um mundo ideal, que o preço do iPhone desde o modelo 5, de 2011, fosse reajustado apenas pela inflação. Neste caso, o reajuste pelo IPCA (Índice Nacional Preços ao Consumidor Amplo) faria com que o iPhone “Xs” fosse lançado por apenas R$ 4.500, mas não é isso que se espera da Apple em 2018.
Em novembro de 2017, com o dólar mais amigável, oscilando entre os R$ 3,20 e R$ 3,30, a Apple conseguiu lançar um celular por R$ 7.000. Agora imagine a situação em novembro de 2018, quando o próximo lançamento da Apple deve chegar ao Brasil: dependendo do resultado da eleição, é possível que o dólar esteja ainda mais caro do que atualmente, quando ele é negociado acima de R$ 4. Isso praticamente garante que o iPhone Xs será mais caro do que o iPhone X, batendo todas as marcas de preço alto já vistos no mercado brasileiro.