É sabido que a modernização da infraestrutura no Brasil é um desafio difícil. Segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria, o investimento requerido para uma infraestrutura mais eficaz no nosso país é de cerca do dobro do aporte atual de R$ 132 bilhões. É um esforço e tanto, mas necessário porque uma infraestrutura mais moderna significa economia lá na frente, na medida em que poderemos evitar ou gerenciar melhor problemas  que acontecem por conta de uma malha estruturante muitas vezes obsoleta ou pesada demais, que não acompanhou o crescimento da população.

No Brasil, há projetos cada vez mais grandiosos e complexos, mas ainda usamos ferramentas criadas em uma época com menos pessoas, urgência e demandas. Na prática, ao invés de estarmos onde queremos ou precisamos, realizando tarefas importantes, estamos presos no trânsito ou esperando voos atrasados, por exemplo.

A população paulistana viveu esse drama de perto nos últimos meses, quando um viaduto da Marginal Pinheiros, uma das principais vias da cidade, cedeu, interrompendo o trânsito de avenidas importantes e a passagem de uma linha de trem metropolitana. Não bastasse o problema na infraestrutura do viaduto, encontrar o projeto original da obra, para embasar a reparação, foi outro entrave.

Problemas como esse acontecem, entre outros fatores, porque a nossa infraestrutura e a maneira como ela foi planejada e construída são antigas e antecedem a invenção da internet e de tecnologias comuns a um mundo conectado, como sensores e a Nuvem.  O projeto arquitetônico do viaduto, por exemplo, não estava digitalizado, o que favoreceu a perda das informações sobre como ele fora construído. No entanto, esses desafios podem ser transpostos pelo uso de software. Existem ferramentas que projetam de forma mais inteligente, constroem com mais agilidade, armazenam dados e ajudam a gerenciar fluxos com mais precisão. Suas possibilidades são diversas: simular alternativas, reduzir prazos, aumentar qualidade, minimizar custos e garantir a segurança. O uso dessas ferramentas faria com que a nossa infraestrutura fosse muito mais eficaz, permitindo o fluxo de dados, eletricidade, água, bens, serviços, veículos e passageiros pelo país.

Dados do estudo “Software 4.0”, da Software.org, indicam que softwares de tráfego adaptáveis podem melhorar o fluxo de veículos de 5% a 25%. Já o uso de softwares em veículos autônomos reduziria o número de acidentes em 90%. Esses são apenas os resultados potenciais no trânsito, mas as possibilidades abrangem todas as áreas. Softwares BIM (Building Information Modeling), por exemplo, deixariam as construções 33% mais baratas. Enquanto isso, softwares de navegação de última geração reduziriam atrasos de voos em 35%.

Os benefícios não param por aí. Eles também se refletem na criação de empregos e de novos negócios, fazendo nossa economia crescer. A infraestrutura brasileira precisa se modernizar e acompanhar nossos tempos. Esse upgrade passa necessariamente pelos softwares, que nos ajudam a coletar e transformar dados em informações fundamentais a projetos em inúmeras vertentes, apoiando a tomada de decisões, prevenindo problemas e antecipando o futuro. Já temos em nossas mãos uma enorme oportunidade para colher frutos potencializados pela inovação em diferentes segmentos da sociedade.