Por que os novos celulares da Nokia não são realmente da Nokia

Renato Santino01/03/2017 20h55

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É indiscutível: a Nokia roubou a cena na MWC 2017 revivendo o clássico 3310 e lançando seus primeiros celulares verdadeiramente Android (o péssimo Nokia X da era pré-Microsoft não conta). Eram sonhos antigos do público que finalmente foram concretizados, exceto por um fato: os novos telefones não são verdadeiramente da Nokia.

A Nokia como conhecíamos antes da compra pela Microsoft não existe mais. Quando Steve Ballmer aceitou pagar US$ 7 bilhões pela divisão de celulares da empresa finlandesa, o acordo levou basicamente toda a tecnologia móvel que a companhia desenvolvia, incluindo as fábricas e os funcionários que fizeram alguns dos ótimos celulares da empresa, além do direito de usar a marca Nokia em celulares exclusivamente por um período de tempo.

O que a Microsoft deixou para trás com a aquisição foi o serviço de mapas HERE, que já foi comprado por empresas automotivas como BMW e Audi, e a parte mais importante da companhia, que oferece serviços de infraestrutura e é uma das lideranças no avanço da tecnologia 5G.

Ou seja: o que sobrou da Nokia não é mais uma empresa fabricante de telefones celulares. Essa parte existia apenas como parte da Microsoft, que basicamente já se desfez de tudo o que foi comprado em 2013 e demitiu praticamente todos os funcionários envolvidos nos Lumias. A divisão de celulares da Nokia se transformou em Microsoft Mobile e foi desmanchada sob a tutela da Microsoft.

Mas então, o que são estes celulares da Nokia que estamos vendo? Bom, o acordo de exclusividade de uso da marca por parte da Microsoft já expirou. Isso deu a liberdade à Nokia de começar a explorar novamente a sua própria marca em smartphones. No entanto, sem mais fábricas nem funcionários especializados na produção de celulares, sua única alternativa para voltar ao mercado seria licenciar novamente a sua marca.

E é aí que entra a HMD, uma empresa que desenvolve smartphones e tablets e e é tão finlandesa quanto a Nokia. A empresa projeta os celulares, e terceiriza a produção para a Foxconn, que monta os dispositivos na Ásia. O acordo começou a ser costurado em 2016, com a aquisição do negócio de feature phones (os celulares não-smart) da Microsoft Mobile. Em seguida, a HMD conseguiu os direitos de usar a marca da Nokia até 2024, e assim vemos o “renascimento da Nokia”.

Isso não quer dizer que os lançamentos recentes da HMD sejam ruins, mas eles também não são da Nokia; eles apenas carregam o nome de uma empresa famosa pelos seus celulares. Mesmo que a Nokia se envolva no projeto dos smartphones, ainda não é a mesma coisa que era antes.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital