Por que a Microsoft ainda investe no Windows Mobile após admitir derrota?

Renato Santino31/10/2016 19h14, atualizada em 31/10/2016 19h20

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Recentemente, a Microsoft foi muito sincera sobre seus esforços mobile, admitindo a derrota e já se preparando para novas paradigmas da computação que estão por vir para os próximos anos. No entanto, a empresa ainda não parou de colocar esforços na evolução do Windows 10 Mobile, o seu sistema operacional para celulares, que ainda vem sendo atualizado regularmente. Por quê?

Afinal de contas, com 1% do mercado e sem perspectivas de competir de igual para igual com Apple e Google em base de usuários, não seria mais fácil seguir em frente e parar de tomar prejuízo? Não na visão da Microsoft. O Windows 10 Mobile (ex-Windows Phone) ainda tem um papel estratégico importantíssimo na companhia, mesmo que a ambição de ganhar espaço na área de celulares já seja coisa do passado.

A dica foi dada por Terry Myerson, vice-presidente de Windows e dispositivos na companhia. Em entrevista à jornalista Mary-Jo Foley, ele deu pistas do que vêm por aí e por que a empresa ainda se importa com o sistema móvel. De forma resumida, ele acha que tecnologias que hoje são padrão em smartphones, ainda serão muito importantes de outras formas, e que o Windows Mobile tem o papel de manter-se atualizado com estas tecnologias.

“Tecnicamente, há duas coisas que são únicas do Windows Mobile. Uma é a conectividade celular, e a outra são os processadores ARM. E eu acho que tanto a conectividade celular quanto os processadores ARM têm um papel no panorama técnico do futuro.

Então, nós vamos continuar investindo no ARM e no celular. E, apesar de não dizer qual tipo de dispositivo, eu acho que veremos dispositivos Windows com chips ARM. E eu acredito que veremos dispositivos com conectividade celular.

Quando você para de investir nestas coisas, é super, superdifícil recomeçar. E, na Microsoft, nós temos alguns exemplos de casos em que paramos. Às vezes, quando você investe pelo crescimento, é mais fácil, mas quando você está investindo por estratégia técnica ou coisas do tipo, as pessoas podem questionar, como você [a repórter] está fazendo agora. Mas, especialmente entre seus leitores, eu acredito que não haja debate sobre o papel dos processadores ARM no futuro, nem sobre a conectividade celular”

Como nota o Windows Central, é muito claro que a Microsoft ainda não abandonou totalmente o mobile, mas certamente a sua próxima empreitada nesta área não será um smartphone, pelo menos não na acepção mais comum do termo. A ideia é reinventar a categoria de forma que seja possível evitar a comparação direta entre o que quer que a companhia revelar com um iPhone, um Galaxy ou um Pixel.

O site nota que há algumas grandes apostas sendo feitas atualmente única divisão de hardware que mais tem progredido e impressionado na companhia: a do Surface. E o sucesso da área tem se dado pelo fato de que os responsáveis têm trazido coisas novas ao mercado, que não eram esperadas pelo público. O Surface Studio repensa o computador tudo-em-um e tem chamado a atenção de artistas e criadores de conteúdo; o Surface Pro reimagina o tablet e o laptop criando um híbrido, e o conceito já foi copiado por Apple e Google; o Surface Book é outro ponto de vista sobre o que um laptop híbrido pode ser. Nenhum destes produtos que têm agradado foram demanda popular. Ao contrário: foram decisões de design para dar ao consumidor aquilo que eles não sabiam que queriam, como Steve Jobs sempre pregava.

Se a Microsoft tem alguma pretensão de sobreviver em mobile, precisa descobrir o que as pessoas não esperam de um dispositivo móvel, mas que adorariam que alguém descobrisse por elas. Se a companhia vai conseguir, aí já é outra história.

Via Windows Central e ZDNet

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital