A fragmentação dos serviços de streaming e a exclusividade de produções em determinadas plataformas fez a pirataria voltar a crescer, após anos em declínio. É isso o que indica um estudo da Sandvine, que analisou o uso do BitTorrent ao longo dos últimos anos e concluiu que usuários estão cada vez mais retornando aos meios ilegais de distribuição de conteúdo.

Nos últimos anos, o mercado viu uma explosão nas opções de serviços de streaming de vídeo: além da Netflix, empresas como Amazon, HBO e Hulu também oferecem acesso sob demanda a séries e filmes, incluindo produções originais exclusivas para seus assinantes. E com novos nomes a caminho – Disney e Apple preparam serviços próprios – a tendência é que o mundo do streaming de vídeo fique cada vez mais fragmentado.

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Isso já representa um grande problema para a indústria, e as coisas devem piorar nos próximos anos, segundo Cam Cullen, vice-presidente de marketing global da Sandvine. “Para ter acesso a todos os serviços, as coisas estão ficando muito caras para o consumidor, então ele assina um ou dois e pirateia o resto”, explicou.

Os dados analisados pela Sandvine mostram que, entre 2011 e 2015, quando os serviços de streaming começaram a ganhar bastante popularidade, o uso de softwares como o BitTorrent caiu de 52% do tráfego de envio nos Estados Unidos para 27%. Na Europa, o “efeito Netflix” foi maior: em 2011, 60% do tráfego de envio de arquivos na Europa acontecia em softwares de torrent. Em 2015, o número caiu para 21%. Agora, ele voltou a subir e chegou a 31%.

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A Sandvine cita três fatores como responsáveis pela ascensão da pirataria: além das diversas fontes de conteúdo exclusivo, usuários também buscam meios ilegais quando a série desejada não estreia no país ao mesmo tempo que sai nos Estados Unidos, e também quando o conteúdo não é disponibilizado em momento algum no país do usuário.

“The Handmaid’s Tale”, uma das mais aclamadas séries dos últimos tempos, é exclusiva do serviço Hulu. O problema é que o Hulu não funciona no Brasil, por exemplo, e a transmissão da série por aqui acabou demorando alguns meses para ocorrer. Casos como esse fazem com que muitas pessoas busquem a pirataria para ter acesso ao que querem em um momento em que o conteúdo não está disponível para elas.

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Além disso, a exclusividade de determinadas séries em determinados serviços causa outro problema: vale a pena assinar todos? E caso não valha, qual vale mais do que os outros? Ao tomar esse tipo de decisão – como continuar com acesso ao Netflix, mas deixar de lado Amazon Prime Video, por exemplo – o usuário não vai necessariamente desistir de assistir a séries exclusivas do serviço da Amazon: ele provavelmente vai piratear aquele conteúdo.

Os diversos serviços de streaming não devem desaparecer em um futuro próximo, então resta saber como as empresas do setor vão lidar com a tendência de alta na pirataria. Estratégias antigas, como processar usuários que compartilham arquivos protegidos por direitos autorais na internet, não deram certo no passado, então é pouco provável que voltem a ser usadas.

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