Embora tenha chegado causando pânico, principalmente em mulheres grávidas, o vírus zika pode acabar se tornando amigo da humanidade devido à sua aparente capacidade de combater um tipo complicado de câncer.
Pesquisadores das universidades da Califórnia, Cleveland, Washington e Texas se uniram para fazer experimentos com zika no tratamento de glioblastoma, câncer cerebral mais comum nos Estados Unidos. E descobriram que uma doença talvez consiga neutralizar a outra.
O tratamento contra glioblastoma pode envolver cirurgia, quimioterapia e radiação, mas os tumores costumam reaparecer em questão de meses. É aí que entra o zika: o vírus ignora células cancerígenas, mas mira células-tronco, justamente as responsáveis por continuar “fabricando” as cancerígenas.
O vírus é tão perigoso para fetos porque se infiltra no sistema nervoso central em desenvolvimento e mata células progenitoras neurais, que mais tarde se tornariam vários tipos de células cerebrais. Como as células-tronco do glioblastoma se comportam de forma semelhante às neuroprogenitoras, o zika serviria como arma contra elas.
A ideia, como explica o Engadget, seria combinar tratamentos. Os médicos poderiam matar as células mutantes das formas convencionais — cirurgia, quimioterapia etc. — e, ao mesmo tempo, atacar a célula-tronco do glioblastoma para impedir que ela crie mais tumores.
Em testes com células-tronco removidas de pacientes com glioblastoma, os pesquisadores notaram que o zika era capaz de matá-las. Eles também injetaram o vírus diretamente em tumores produzidos em ratos e, neste caso, os tumores encolheram após o tratamento.
Ainda não há previsão sobre a possibilidade de estender os testes a humanos, mas, como o zika não oferece riscos tão sérios aos adultos, pode ser que isso não demore para acontecer.